Léxico: «mandarete»
Ainda não morreu
«Mais outra coisa», escreve-me um leitor, «li há dias, na autobiografia de Erskine Caldwell – publicada em 1965 em Portugal com o título Chamem-lhe Experiência (tradução de António Neves Pedro, Europa-América) –, a palavra “mandarete”, com sentido semelhante a “paquete” ou “moço de recados”. Já a tinha apanhado em Bilhar à Nove e Meia, de H. Böll, de que lhe falei há tempos, mas, apesar de estar dicionarizada, pensei que seria um preciosismo do tradutor, mas começo a pensar que podia ser um termo vulgar nos anos 60, entretanto caído em desuso.»
É uma das acepções mais usadas, «rapaz encarregado de fazer recados». Não é preciosismo nem caiu em desuso. É-me, na verdade, muito familiar, e, como respondi ao leitor, até nos jornais aparece. «Luís Cameirão é o candidato apoiado pelo líder federativo que, no dia da apresentação da candidatura, foi à Trofa fazer uma avaliação cáustica do mandato de Joana Lima. Acusou-a de ser “o mandarete” de José Luís Carneiro, o presidente da Câmara de Baião, que se perfila para disputar com Renato Sampaio a liderança do PS-Porto» («Renato Sampaio avisa que não quer “caudilhos de saias” no PS», Margarida Gomes, Público, 23.03.2010, p. 23). Como diria (dirá?) Montexto, merece lembrada. E assim fazemos.
[Texto 3836]