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Linguagista

Léxico: «chapelinho»

Por isso não querem a prova

 

 

      «Por isso, em vez de uma selvagenzinha sem chapéu, entrando em casa como um furacão e deixando-nos quase sufocados com os seus abraços, vimos apear-se de um belo potro negro uma pessoa de ar digno, cujos caracóis castanhos lhe tombavam sob um chapelinho emplumado, de pêlo e luzidio, e cuja saia de montar, de tão comprida, ela se viu obrigada a soerguer, para poder andar» (O Monte dos Vendavais, Emily Brontë. Tradução de Maria Franco e Cabral do Nascimento. Lisboa: Portugália Editora, 1965, p. 55).

   Ainda se lembram da tal professora (coitados dos alunos...) que afirmava categoricamente que não existia «chapelinho», mas apenas «chapeuzinho»? Apetece gritar em itálico. Ah!

 

  [Texto 3918] 

Os Lintons, os Earnshaws...

Juntamente com os Sousas, pois claro 

 

  Vendo bem, vou continuar a falar disto e a defender o que nem precisava de defesa. Não passarão. «Por fim o nosso cura (nesse tempo tínhamos um cura que solucionava a sua vida dando lições aos pequenos Lintons e Earnshaws e cultivando o seu palmo de terra) aconselhou o meu patrão a que mandasse o Hindley para o colégio» (O Monte dos Vendavais, Emily Brontë. Tradução de Maria Franco e Cabral do Nascimento. Lisboa: Portugália Editora, 1965, p. 44).

 

  [Texto 3917]

O Sr. Público e Sr.ª Semântica

Caiu-lhes no goto

 

 

      «Em Portugal indignamo-nos, com alguma razão, por o Governo não seguir as regras da igualdade de géneros no campo da semântica. E há quem discuta isso, acaloradamente, o que significa que alguma coisa mudou nestes anos, para melhor. Mas essa indignação perde valor quando, neste mesmo século XXI, na democracia mais populosa do mundo, a Índia, ainda é possível ver uma mulher ser barbaramente condenada (não pelo estado [sic], mas por um grupo de anciãos, não pela lei, mas pela mais tenebrosa das tradições) a ser violada colectivamente por mais de dez homens, todos eles seus vizinhos, homens a quem ela estava habituada a chamar “tio” ou “irmão”» («E a criminosa tradição, quem a deterá?», editorial, Público, 24.01.2014, p. 45).

      O «campo da semântica» é aquela magna questão dos parênteses em vez da barra, lembram-se? É outra frente da batalha do Público.

 

  [Texto 3916]

As «peñas», é uma pena

De ninguna forma

 

 

      «Nascido Miguel Ángel Poveda León, em Barcelona, a 13 de Fevereiro de 1973, começou a cantar aos 15 anos nas peñas flamencas da Catalunha. Mas o gosto pelo flamenco começou em casa dos pais, ela doméstica, nascida em Ciudad Real, ele torneiro mecânico, de Murcia. “Influências maiores foram da minha mãe, que punha esta música em casa. Não porque ela a cantasse de forma profissional, cantava como qualquer dona-de-casa, mas pelo gosto com que a ouvia.”» («Miguel Poveda promete um concerto “muito emocionante” com flamenco clássico e coplas», Nuno Pacheco, Público, 24.01.2014, p. 29).

  Nem itálico nem uma explicação, nada: o leitor que pague e desembrulhe, não é? Ah, sim, umas linhas mais à frente já aparece em itálico, exactamente como cante, que ora aparece em itálico ora em redondo. E pronto, de castelhano estamos bem, mais uns cantaores aqui, mais uma bailaora ali, e está capaz de ser lido. «Dona de casa» com hífenes é fantasia antiacordista de Nuno Pacheco.

 

  [Texto 3915]