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Linguagista

Léxico: «corta-mão»

Ah, ele é isso

 

 

      «Um pedreiro, atento à tarefa, ergue a maceta, outro, gordo e calvo, empunha o corta-mão e galga, com inesperada agilidade, os primeiros degraus de uma pranchada, junto do guincho, que eleva o cimento armado para os pisos superiores» (Dias Lamacentos, Urbano Tavares Rodrigues. Lisboa: Portugália Editora, 1965, p. 111).

   Com que então não lemos as obras de que falamos, afirma um partidário da doutrina doravante crismada usmaia (de «Os Maia»), hã?! Engana-se, seu bigorrilhas!

    Agora coisas mais sérias. É a primeira vez que me deparo com aquele corta-mão, que os dicionários dizem ser sinónimo de «esquadro». Será que o pedreiro empunhava mesmo um esquadro? O narrador saberá mesmo do que fala? É que o guincho está a elevar cimento armado para os pisos superiores, quando estavam já a estucar as paredes...

 

  [Texto 3921]

Léxico: «bacia de emprego»

Esta é nova para mim

 

 

     Estou aqui a deparar-me, pela primeira vez, com a expressão bacia de emprego, usada em economia: «mercado de trabalho, numa dada zona geográfica, dentro da qual as pessoas que aí habitam podem encontrar emprego sem mudar de residência e as empresas podem dispor da mão-de-obra de que necessitam» (segundo a definição do Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora). Mas a acepção mais interessante de «bacia» é a de pedra em que assentam as grades da sacada.

 

  [Texto 3920]

«Levar as lampas a alguém»

Hoje esquecida

 

 

     «Finalmente, imobilizou-se encostada à parede exterior, perto da estrada, indiferente às minhas advertências e aos trovões que ribombavam, e mesmo às grossas gotas de chuva que principiaram a encharcá-la; aí permaneceu, ora chamando por ele, ora escutando, e por fim rompendo num pranto interminável. Levou as lampas ao Hareton ou a outra qualquer criança no capítulo de ataques de choro» (O Monte dos Vendavais, Emily Brontë. Tradução de Maria Franco e Cabral do Nascimento. Lisboa: Portugália Editora, 1965, p. 87).

      Levar as lampas a alguém é levar-lhe vantagem. É expressão que hoje em dia quase ninguém usa, mas que, felizmente, ainda permanece nos dicionários.

 

  [Texto 3919]