Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

Tradução: «link»

Não há outros

 

    «Isso tinha sido um forte elo de ligação entre eles, no início de se conhecerem» (Quando o Cuco Chama, Robert Galbraith. Tradução de Ana Saldanha, Maria Georgina Segurado e Rita Figueiredo. Queluz de Baixo: Editorial Presença, 2013, 2.ª ed., p. 90).

    Há-os expressivos, sem dúvida, mas não este. É uma redundância ou pleonasmo vicioso. Basta «elo», porque não os há sem ser de ligação. «That had been a powerful link between them, when first he and Charlotte had come together.»

 

[Texto 4144]

Tradução: «keypad»

Eu não

 

      «— Um teclado — murmurou, reparando no retângulo de metal com teclas — e uma câmara de videovigilância por cima da porta. O Bristow não mencionou a câmara. Talvez seja nova» (Quando o Cuco Chama, Robert Galbraith. Tradução de Ana Saldanha, Maria Georgina Segurado e Rita Figueiredo. Queluz de Baixo: Editorial Presença, 2013, 2.ª ed., p. 83).

      Quem é que, vendo isto (ou algo semelhante, pois há vários modelos), diz «um teclado»? Eu não. Na página seguinte, já foi traduzido por «teclado com código». É, mesmo que tenha as teclas na parede, uma fechadura com código.

      «“Keypad,” he muttered, noting the metal square inset with buttons, “and a camera over the door. Bristow didn’t mention a camera. Could be new.”»

 

[Texto 4143]

 

Tradução: «Georgian»

Infelizmente, fora dos dicionários

 

      «Aqui e ali havia leões de mármore e placas de latão, com nomes e credenciais profissionais; viam-se lustres a cintilar através das janelas dos andares de cima e uma porta estava aberta, deixando ver um chão de ladrilhos aos quadrados pretos e brancos, pinturas a óleo em molduras douradas e uma escadaria do período georgiano» (Quando o Cuco Chama, Robert Galbraith. Tradução de Ana Saldanha, Maria Georgina Segurado e Rita Figueiredo. Queluz de Baixo: Editorial Presença, 2013, 2.ª ed., p. 81).

      Nem todos faríamos o mesmo: «Coorkman, num artigo publicado em The Years Work in the Theatre (1948-1949), mostra como o autor de Lady Frederick continuava a escrever em pleno período jorgiano do teatro inglês peças em estilo inequivocamente do período eduardiano, ou seja, ao gosto do teatro do fim do século XIX» (Novos Temas, Velhos Temas, João Gaspar Simões. Lisboa: Portugália Editora, 1967, p. 17).

      E, enfim, talvez pudéssemos aspar a palavra «período». «Here and there were marble lions and brass plaques, giving names and professional credentials; chandeliers glinted from upper windows, and one door stood open to reveal a checkerboard floor, oil paintings in gold frames and a Georgian staircase.»

 

[Texto 4142]

Nem «flirt» nem «flirtar»

Mas Garrett não lhe resistiu

 

      «No entanto, ficou satisfeita ao poder ilibar Strike de qualquer intenção de a namoriscar» (Quando o Cuco Chama, Robert Galbraith. Tradução de Ana Saldanha, Maria Georgina Segurado e Rita Figueiredo. Queluz de Baixo: Editorial Presença, 2013, 2.ª ed., p. 80). No original: «She was pleased, however, to acquit Strike of any flirtatious intent.» Nada de especial, certamente, mas não poucos tradutores não prescindiriam do termo inglês.

 

[Texto 4141]

Tradução: «hueco»

Cayó al vacío por el hueco

 

      «Impelido pela razão, que é um vento formidável — “espírito” quer dizer vento —, o homem está condenado a progredir e isto significa que está condenado a afastar-se cada vez mais da Natureza, a construir no seu oco [hueco] uma sobrenatureza» (Sobre a Caça e os Touros, José Ortega y Gasset. Tradução de José Bento. Lisboa: Edições Cotovia, 2004, 2.ª ed., p. 55). «Pela sua parte, a razão que veio preencher o oco [hueco] deixado pelos instintos evanescentes fracassa na tarefa de levantar a peça receosa» (idem, ibidem, p. 59).

   Pode ser mais do domínio da subjectividade, mas creio que não traduziria por «oco» em nenhuma das ocorrências. Nem talvez por «vazio» (e Ortega y Gasset também usa vacío nesta obra).

 

 [Texto 4140]

Tradução: «convicción tópica»

Qual baldio

 

      «Deste modo, [sic] se constituiu nas cabeças, de forma automática, o lugar comum [convicción tópica] de que “antes havia muito mais caça”, no sentido de que “havia caça de sobra”» (Sobre a Caça e os Touros, José Ortega y Gasset. Tradução de José Bento. Lisboa: Edições Cotovia, 2004, 2.ª ed., p. 44).

    Tópico, só por si, já significa lugar-comum. Mas desta forma, com hífen, ou parece um baldio. Podíamos ir muito mais para trás, mas está assim, por exemplo, no Vocabulário da Língua Portuguesa de Rebelo Gonçalves.

 

[Texto 4139]

«Glaciar/glacial»

Quase igual

 

    «Até ao ponto de que, a parte a preparação mágica usada pelos primitivos da época glaciar [época glaciar] e seus similares que vivem ainda hoje, o acto inicial de toda a caçada consiste em conseguir descobrir a peça e “levantá-la”» (Sobre a Caça e os Touros, José Ortega y Gasset. Tradução de José Bento. Lisboa: Edições Cotovia, 2004, 2.ª ed., p. 52).

    Erraram ambos, Ortega y Gasset e Bento, pois o adjectivo, tanto em castelhano como em português, neste contexto é «glacial» (como já vimos aqui e aqui). A obrigação do tradutor, se o soubesse por se entregar a tais minudências, era corrigir. Mas tem falhas, já o vimos, nos pormenores e nos pormaiores.

 

[Texto 4138]