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Linguagista

Integralmente em língua inglesa

Em nome da economia

 

 

      «As universidades portuguesas já dão mais de 170 cursos totalmente em inglês, especialmente ao nível de mestrados e doutoramentos. Só a Universidade do Porto dispõe de cerca de 60 ciclos de estudos integralmente na língua inglesa nas várias faculdades. Já a School of Business and Economics (SBE), da Universidade Nova de Lisboa leciona todas as aulas em inglês, à exceção de alguns cursos, que no primeiro ano de licenciatura têm cadeiras em português. Para os representantes dos alunos, a aposta das universidades na internacionalização tem inúmeras vantagens para os estudantes portugueses» («Universidades portuguesas já têm mais de 170 cursos em inglês», Joana Capucho, Diário de Notícias, 9.06.2014, p. 4).

  Isto tem de chegar também às licenciaturas, para que os professores não possam queixar-se de que os alunos chegam à universidade sem saber português.

 

[Texto 4697] 

«Cabecear/escabecear»

Outra variante esquecida

 

 

  «Não muito distantes, em frente da fogueira, sentavam-se, em semicírculo, seis dos tripulantes do seu barco, todos igualmente a escabecearem e a fumarem» (Os Mercadores de Peles, Robert Ballantyne. Tradução de José da Natividade Gaspar. Lisboa: Portugália Editora, [1960], p. 53).

    Outra que ainda não desapareceu de todos os dicionários, mas não tarda é isso também que vai acontecer.

 

[Texto 4696]

«Degelo/desgelo»

Uma variante esquecida

 

 

    «Com o rodar do Inverno, pesadas massas de neve acumulam-se nos telhados das casas e atingem frequentemente a altura de uns bons três centímetros, quando não ainda mais. Com os desgelos primaveris, vão-se derretendo, escorregam de repente pelos telhados e precipitam-se no chão» (Os Mercadores de Peles, Robert Ballantyne. Tradução de José da Natividade Gaspar. Lisboa: Portugália Editora, [1960], p. 30).

    Ainda não desapareceu de todos os dicionários, mas não tarda é isso que vai acontecer.

 

[Texto 4695]

Os novos solteiros

Na imprensa cor-de-rosa

 

 

      «A cantora e atriz norte-americana, com 44 anos, prestes a lançar o seu oitavo disco, A.K.A., terminou a relação que mantinha desde 2011 com o bailarino Casper Smart, com 27, e está de novo solteira, avança a imprensa internacional» («Jennifer Lopez está solteira», Diário de Notícias, 9.06.2014, p. 45).

      É uma maneira informal – e que pessoalmente detesto – de dizer que alguém já não está casado ou comprometido.

 

[Texto 4694]

«Bolsar/bolçar»

Também é antológica

 

 

    «A outra citação da sessão plenária foi... antológica. Rematando o discurso em nome do PS, retomou Carlos Enes um hábito necrófilo seu, recente, até como cronista do Correio da Manhã: “desenterrar” e descontextualizar excertos, e divagar sobre frases extraídas dos registos sobre os mortos, sendo que estes, por sua vez, têm a vantagem de sobre tais interpretações se manterem silenciosos. Porventura na ânsia de produzir a citação menos literária possível do único escritor de Língua Portuguesa já galardoado com o Nobel da Literatura, assim tomado como burocrata, bolsou: “É preciso cumprir o que foi assinado.”» («Um relvado à beira-mar mal plantado», Madalena Homem Cardoso, Público, 9.06.2014, p. 46).

    Bolsar, já o escrevi várias mas não suficientes vezes, significa fazer bolsos e foles. A médica, escritora e activista cívica devia ter escrito «bolçar», isto é, vomitarBolçar e vomitar provêm do mesmo étimo latino, sendo assim palavras divergentes ou alótropos. Através de vários fenómenos fonéticos, de vomitiare (intensivo de vomere) chegou-se a bolçar.

 

[Texto 4693]

Outra mania

Já nada cai

 

 

     A imprensa francesa noticia que «une grille du pont des Arts est tombée sous le poids des cadenas», mas os nossos jornalistas, mesmo quando o facto ocorreu em Paris, preferem citar fontes inglesas: «Paris bridge evacuated as love locks cause railing to collapse.» «A famosa Ponte das Artes sobre o rio Sena, em Paris, teve de ser evacuada ontem por terem colapsado cerca de 2,40 metros da grade de proteção. Na base da queda esteve o peso dos milhares de cadeados ali colocados por casais apaixonados» («Grade dos cadeados do amor colapsou», Diário de Notícias, 9.06.2014, p. 48).

 

[Texto 4692]