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Linguagista

Sobre «in absentia»

Em português

 

 

     «Um tribunal do Cairo condenou ontem a 15 anos de prisão o célebre ativista Alaa Abdel Fattah, bem como outras 24 pessoas acusadas de participação em manifestações ilegais. O acesso dos 25 à sala de tribunal foi negado, pelo que as condenações decorreram in absentia» («Ativista egípcio condenado a 15 anos», Diário de Notícias, 12.06.2014, p. 23).

  Mas in absentia não é o nosso à revelia? Na imprensa internacional pode ler-se que Alaa Abd el Fattah «was convicted and sentenced in absentia». A minha única dúvida é se o conceito jurídico de revelia abrange a ausência forçada pelas próprias autoridades judiciárias...

 

[Texto 4710]

Sobre «destrocar»

Não são trocos

 

 

    «– É melhor destrocarem os carapuços – gritou-lhes Park, a rir, atirando para bordo o barrete; por sua vez Somerville mandava o chapéu para o legítimo dono, que ria entre a tripulação de um dos barcos próximos» (Os Mercadores de Peles, Robert Ballantyne. Tradução de José da Natividade Gaspar. Lisboa: Portugália Editora, [1960], p. 60).

  Está certíssimo, pois claro, já que significa desfazer uma troca, mas há algum receio de usar a palavra, o que se deve porventura à dúvida sobre a legitimidade da acepção popular de trocar uma quantia de dinheiro por valor igual em moedas ou notas de valores mais baixos. Equivale ao castelhano descambiar, que também significa devolver uma compra, já que se entende que antes houve uma troca, o dinheiro pelo artigo.

 

[Texto 4709] 

Tradução: «autogéré»

Vagamente

 

 

      «O antigo aeroporto berlinense de Tempelhof, símbolo da Guerra Fria, é um vasto espaço verde no centro de uma batalha entre promotores de um projeto de construção e opositores ligados ao espírito libertário e autossuficiente do local. É um espaço imenso e quase vazio no meio da cidade de 3,4 milhões de habitantes. Com os seus 300 hectares, é um pouco menor do que o Central Parque de Nova Iorque, mas quase dez vezes mais do que La Villette, o maior dos parques parisienses» («Aeroporto de Tempelhof mantém-se lugar de lazer», Eloi Rouyer, Diário de Notícias, 12.06.2014, p. 23).

      Um local «autossuficiente»? Hum... Será mesmo a melhor tradução de autogéré, que é o que se lê no original? Ou a pior?

 

[Texto 4708]

A facilidade da informática

Nem pensar

 

 

      «Não, não sabemos a sorte que temos. Só no Dia D morreram cerca de 5000 mil soldados aliados. Em dez anos de guerra no Iraque, os americanos perderam 5000 mil soldados» («Não sabemos a sorte que temos», Henrique Raposo, Expresso Diário, 11.06.2014).

  Que está errado, não há dúvida, a questão é que número queria escrever. Seria 5 mil, 50 mil ou 500 mil? Quanto ao Dia D, qualquer destes números está errado. Baixas (mortos, feridos, perdidos em acção e prisioneiros) das forças aliadas terão sido o dobro do primeiro número; mortes, metade.

 

[Texto 4707]