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Linguagista

Tradução: «creeping»

Não me parece

 

 

    «Outro apresentador muitíssimo popular, Glenn Beck, que abandonou esta cadeia televisiva em 2011, promoveu teorias da conspiração acerca do velhaco mundo da governação. Até as coberturas noticiosas dedicavam extenso tempo de antena a incomodar figuras do Partido Republicano como Sarah Palin e o ex-empresário de pizaria Herman Cain» («O poder da Fox tem cara», Steve Coll, tradução de Adelaide Cabral, «Quociente de Inteligência»/Diário de Notícias, 14.06.2014, p. 5).

    Creeping, que é o que está no original, tem vários sentidos, mas não me parece que esta seja a melhor tradução.

 

[Texto 4722]

Uma «retratação» diferente

Esta é a primeira vez

 

 

   «A retratação de [Roger] Ailes feita por McGinnis como sendo [sic] um manipulador da opinião pública despertou a preocupação da época com o potencial da televisão para fazer sugestões subliminares» («O poder da Fox tem cara», Steve Coll, tradução de Adelaide Cabral, «Quociente de Inteligência»/Diário de Notícias, 14.06.2014, p. 5).

   Parece o tal erro, não parece? Não é. No original está «McGinnis’s portrait of Ailes, etc.». Claro que a palavra certa seria «retrato».

 

[Texto 4721]

Sem confirmar?

É assim

 

 

      «A Paris Match publicou, a 5 de maio de 2005, uma entrevista com Nicole Coste, nascida no Tongo e ex-assistente de bordo da Air France, que assegurava ter tido um filho com o soberano monegasco. Depois destas revelações, acompanhadas de fotografias do príncipe Alberto com a criança, este reconheceu a paternidade de Alexandre, que tem atualmente 11 anos» («Filhos secretos são “assunto de interesse” para o Mónaco», Filomena Araújo, Diário de Notícias, 14.06.2014, p. 49).

     O erro aparece em duas ou três publicações, e é precisamente a estas que a jornalista vai beber, caramba. Togo, na África Ocidental. Mas também existe o topónimo Tongo, disso não há dúvida.

 

[Texto 4720]

Se «químio», então «rádio»

É por eles

 

 

    aqui falámos de químio, forma reduzida da palavra «quimioterapia», registada, por exemplo, no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, que, contudo, não acolhe a forma reduzida de «radioterapia», rádio. Só venho falar da questão por causa dos troca-tintas que escrevem confiantemente (com a confiança dos ignorantes, pois claro) «quimio» e «radio».

 

[Texto 4719]

Sobre «saco azul»

Políticos e sujidade

 

 

    E a propósito de concussão, mas agora em sentido figurado: «Em prisão domiciliária desde 4 de junho, Giorgio Orsoni regressara ao seu gabinete na Câmara de Veneza mal ficara [sic] livre dessa medida de coação na passada quinta-feira, anunciando a intenção de prosseguir o seu mandato. […] Orsoni, um advogado de profissão que entre 2000 e 2003 foi diretor da Bienal de Veneza e em 2010 foi eleito para a presidência da Câmara da cidade, é suspeito de ter financiado a sua campanha eleitoral, em parte, com fundos provenientes desse saco azul» («Escândalo dos diques custa lugar a autarca de Veneza», Helena Tecedeiro, Diário de Notícias, 14.06.2014, p. 36).

    E não é que o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora não regista a expressão «saco azul»?! Em italiano, é também pela cor que se distingue este dinheiro sujo (slush fund, para a legião de anglófonos que nos segue): fondi neri.

 

[Texto 4718]

Léxico: «gueule cassée»

Outra guerra

 

 

      Há meia hora (e não «meia-hora», como se fosse francês, demi-heure, seus disortografistas), fui ao supermercado. Não menos de 30 % dos clientes são estrangeiros, e por isso não é raro deliciar-me a escutar as conversas que têm. «C’est un gueule cassée», dizia o marido para a mulher, referindo-se claramente a um indivíduo que estava na fila de outra caixa, atarracado e com a arcada supraciliar esquerda totalmente abaulada. Não conhecia o conceito. Vejam aqui.

 

[Texto 4716]

Tradução: «aforamiento»

Tenho dúvidas

 

 

      «Pendente ficou, para já, a questão mais complexa do “aforamento” de Juan Carlos, que, quando abandonar a Coroa, perderá a imunidade inerente ao cargo de chefe de Estado. O Governo espanhol já tinha anunciado em abril a intenção de incluir na condição de “aforados” perante o Tribunal Supremo os membros da família real, através de uma reforma da Lei Orgânica do Poder Judicial. Quando for adotada, a lei implicará que caso Juan Carlos, a rainha ou a princesa mais velha, Letizia e Leonor, sejam constituídos arguidos, o processo tenha de ser remetido para o Supremo, como já ocorre com deputados, senadores e membros do Governo» («Juan Carlos vai manter o título de rei», Diário de Notícias, 14.06.2014, p. 37).

   Tenho dúvidas que se possa traduzir desta maneira, com aspas ou sem aspas. Do que se trata? Já ficarão a saber com este excerto de um artigo saído no jornal El País: «España es uno de los países com más personas aforadas –jueces, fiscales y políticos fundamentalmente– que sólo pueden ser encausadas por tribunales superiores de justicia o por el Tribunal Supremo» («La mayoría de los aforados encausados acaban condenados o fuera de la política», José Manuel Romero, 10.06.2014, p. 12).

 

[Texto 4715]