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Linguagista

Tradução: «subrogación»

E cá, como é?

 

 

      «Siempre me sentí padre, pero el proceso de adopción era una carrera de obstáculos y el de subrogación duró apenas un año. Parecía que estaba pensado para mí» («Ricky Martin», Salvador Pulido, «Yo Dona»/El Mundo, 21.06.2014, p. 88).

    A gestación subrogada é conhecida entre nós por barriga de aluguer (juridicamente, «maternidade de substituição»). Não me parece que aqui o termo sub-rogação esteja a ser usado no seu sentido jurídico mais rigoroso. De qualquer maneira, só pode ser sub-rogação pessoal, em que uma pessoa substitui outra, neste caso não no exercício de um direito, mas de um feixe de direitos e deveres.

 

[Texto 4752]

Tradução: «ningunear»

Nada nem ninguém

 

 

  «Las teorías acerca de quién hubiera podido pintar el enigmático cuadro [«Lady in a Fur Wrap», na Pollok House, Glasgow] barajan a Tintoretto, a Alonso Sánchez Coello, pintor de cámara de Felipe II, o a la ninguneada pintora renacentista y dama de compañía de la reina Isabel de Valois, Sofonisba Anguissola, cuyas obras fueron erróneamente atribuidas a Zurbarán, Moro, Tiziano, Pantoja de la Cruz o el mismo Sánchez Coello» («E misterio de la dama del armiño», Lola Fernández, «Yo Dona»/El Mundo, 21.06.2014, p. 88).

    A versão em linha do Dicionário de Espanhol-Português da Porto Editora não o regista. Palavra formidável esta, não é? É transformar alguém em ninguém ou em nada; anular. É menosprezar completamente. (Quase a propósito: ao castelhano chivo corresponde «cabrito», mas chivo expiatorio é o nosso «bode expiatório».)

 

[Texto 4751]

Léxico: «pasteleira»

Quem diria

 

 

      «Da esquina, à minha frente abrando donairoso desliza, na sua escura bicicleta pasteleira, o homem do pão. Camisa branca, aberta, calças de sarja, curtas, sandálias de andarilho, olhar fito em frente, a cumprir o seu circuito» (Apuros de Um Pessimista em Fuga, Mário de Carvalho. Lisboa: Editorial Caminho, 1999, p. 14).

     Pois é, mas para o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora «pasteleira» é apenas a fabricante ou vendedora de pastéis.

 

[Texto 4750]

«De cima a baixo»

Poucos

 

 

      «Ela fitava-me de cima abaixo», escreve o nosso autor, absolutamente convencido de que sabe o que diz. Com sorte, é desta que aprende que as locuções adverbiais se escrevem de alto a baixo e de cima a baixo. Mas os autores lêem os livros que escreveram? Poucos, certamente. O fastio. Como eu os compreendo: depois de largos meses, e por vezes mesmo anos, de escrita, quem aguenta?

 

[Texto 4749]

Tradução: «antagónico»

Contra

 

 

  «Completamente antagónica ao agudizar dos nacionalismos em Espanha, em especial na sua Catalunha natal [que tem um referendo sobre a independência marcado para novembro], a escritora aponta que “o medo é sempre a arma usada e funciona sempre. E funciona ainda hoje, apesar do que a história [sic] nos ensina, apesar da informação que temos. Especialmente se o medo for induzido por uma dose maciça de propaganda acerca das tradições e das singularidades de um povo”» («A história de Ana Mladic ou o fim do sonho europeu», Joana Emídio Marques, Diário de Notícias, 22.06.2014, p. 40).

    Em castelhano não tenho dúvidas de que é assim que se diz, mas em português? Não é «contrário», por exemplo, que dizemos? (E os colchetes, que têm um uso muito específico, de quem são? Reveja a matéria, cara Joana Emídio Marques.)

 

[Texto 4748]

Tradução: «infect»

É doença

 

 

      «O extremismo islâmico está a infetar toda a região e, no final, será nisto que se tornará o legado da ocupação do Afeganistão pelos EUA, à medida que a chamada jihad empreendida pelos talibãs contra os Estados Unidos atinge o seu fim» («O terrorismo islâmico protegido no Paquistão, esse aliado norte-americano», Ahmed Rashid, tradução de Adelaide Cabral, «Quociente de Inteligência»/Diário de Notícias, 21.06.2014, p. 8).

      Já vimos isto várias vezes, e sobretudo na tradução de livros, como neste: «Coburn reparou que Sculley estava nervoso. Apercebeu-se de que estavam todos a ficar infetados [infected] com a preocupação de Simons em relação à segurança» (O Voo das Águias, Ken Follett. Tradução de Isabel Nunes e Helena Sobral. Queluz de Baixo: Editorial Presença, 2013, 3.ª ed., p. 176). Então não dizemos, em semelhantes contextos, «contaminar»?

 

[Texto 4747]

Tradução: «exonerate»

Ilibados

 

 

      «O pai de Conlon, Giuseppe, foi também ele detido em 1975, quando viajava de Dublim para Londres, onde ia ajudar o filho. Condenado por ligações a uma família de fabricantes de bombas – os Maguire Seven –, Giuseppe, que só tinha um pulmão e sofria de enfisema, acabou por morrer na prisão em 1980. Foi preciso esperar 25 anos para que em 2005 o então primeiro-ministro Tony Blair fizesse um pedido de desculpas público tanto aos familiares de Conlon como dos Maguire, garantindo que mereciam ser total e publicamente exonerados dos crimes que não cometeram» («Um dos Quatro de Guilford que esteve preso 15 anos por engano», Helena Tecedeiro, Diário de Notícias, 22.06.2014, p. 37).

      Nesta acepção não são falsos cognatos, exonerate e «exonerar»? São. Disse Tony Blair: «That is why I am making this apology today – they deserve to be completely and publicly exonerated

 

[Texto 4746]