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Linguagista

Os exageros da imprensa

Meia dúzia de palavras

 

 

      «Bowe Bergdahl, de 28 anos, foi capturado pelos talibãs a 30 de junho de 2009 na província de Paktika, pouco mais de um mês após [sic] chegar ao Afeganistão. Natural do Iowa, trabalhou como tripulante num barco e, antes de se alistar em 2008, viajou pela Europa. Nestes cinco anos, Bergdahl foi promovido duas vezes, agora é sargento, e foram divulgados seis vídeos a atestar que estava vivo. Um comandante talibã contou à AFP que Bowe adaptou-se à vida de cativeiro, bebia muito chá verde, jogava badmínton com os guardas e celebrava datas como Natal e Páscoa [sic]. Bob Bergdahl contou que já falou com o filho ao telefone, mas em pashtum, pois Bowe mostrou algumas dificuldades em expressar-se em inglês» («Cativeiro ‘enferrujou’ inglês do militar», Diário de Notícias, 2.06.2014, p. 26).

      Falou com o filho em «pashtum»... Os exageros da imprensa. Apendeu a dizer «em nome de Deus, o mais bondoso, o mais misericordioso», e já está.


[Texto 4655]

«Making the Green One red»

Pode ser que ninguém repare

 

 

      «Di Giovanni contesta também a erudição de Borges recordando uma ocasião em que eles estavam a discutir Macbeth: “Estranhamente ele compreendeu mal as palavras ‘tornando o verde em vermelho’. Disse-me uma vez: ‘Olhe, Di Giovanni, Shakespeare personificou o mar.’ Borges lia ali ‘Tornando o verde em vermelho’.” Assim era, de facto, e muitos diretores de teatro inteligentes também optaram por essa interpretação comum» («Borges biografado por um dos seus tradutores», K. Jackson, tradução de Cristina Queiroz, «Quociente de Inteligência»/Diário de Notícias, 31.05.2014, p. 10).

      Ou seja?... Pois é, não se percebe. No original está assim: «Di Giovanni quibbles with Borges’s scholarship, too, recalling an occasion when they were discussing Macbeth: ‘Strangely, he misunderstood the words “making the green one red.” He once said to me, “Look, di Giovanni, Shakespeare has personified the sea.” Borges was reading it, “making the Green One red.”’ Indeed he was, and plenty of intelligent theatre directors have also chosen to favour that common interpretation.» Querem ver que não temos recursos para traduzir a frase?

 

[Texto 4654] 

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