Léxico: «neurorreceptor»
Não é preciso esperar
Claro que podemos dizer «neurotransmissor receptor», mas melhor ainda é exprimir o mesmo numa só palavra: neurorreceptor. Contudo, não a vejo em nenhum dicionário.
[Texto 4807]
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Não é preciso esperar
Claro que podemos dizer «neurotransmissor receptor», mas melhor ainda é exprimir o mesmo numa só palavra: neurorreceptor. Contudo, não a vejo em nenhum dicionário.
[Texto 4807]
Tudo passa
«A casa está edificada num plaino triste, e parece fechada, quase sufocada, pelas árvores. Ainda não vi ninguém senão o criado que me abriu a porta, e a governante, pessoa muito amável, que me acompanhou ao quarto e me serviu o chá» (A Mulher de Branco, Wilkie Collins. Tradução de Maria Franco e Cabral do Nascimento. Lisboa: Portugália Editora, 1972, 2.ª ed., p. 161).
É muito menos comum, mas cá está: a governante e não a governanta. Já falámos de outros: giganta, infanta, mestra, parenta, etc. Em registo informal, até chefa. Com Dilma Rousseff, pelo menos os Brasileiros começaram a usar «presidenta». Mas tudo passa, até nós passamos. Quem é que hoje usa, por exemplo, «chancelerina»? Meia dúzia de gatos-pingados. Desapareceu mais depressa, portanto, do que a própria Angela Dorothea Merkel, essa hamburguesa implacável.
[Texto 4806]
Mas temos
«Napoleão foi um grande tomador de rapé», escreveu algures Monteiro Lobato. (Também o marquês de Pombal e a minha bisavó Matilde o foram, mas só o tio Sebastião ficou na História.) Para o tomador de rapé, a língua francesa tem uma palavra específica, priseur (ao passo que fumeur é o fumador). Agora reparem: para o Dicionário de Francês-Português da Porto Editora, priseur é em português «tabaquista». Quando vamos ver o significado deste termo, há uma remissão para «tabagista», a «pessoa que abusa ou depende do tabaco». Ora bolas! Quer dizer, rapezista — afinal temos um vocábulo específico — também já desapareceu dos dicionários. Rapezista, pois (snuff taker, para a legião de anglófonos que nos segue).
[Texto 4805]
Ou há duas semelhantes?
Muito interessante a expressão francesa passer quelqu’un à tabac. O que é errado é pensar-se que este tabac é a planta que Jean Nicot, embaixador da França em Portugal, deu a conhecer a Catarina de Médicis. Pelo sentido, está mais próximo de passer au fil de l’épée (passar pelo fio da espada, como se lê, por exemplo, na tradução da Bíblia do P.e António Pereira de Figueiredo; estranhamente, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora apenas regista «passar à espada»). Sovar, espancar.
[Texto 4804]
Entre outros
«Um tubarão-tintureira foi ontem avistado nas praias do Pego e Carvalhal, concelho de Grândola, tendo levado ao hastear da bandeira amarela, sem que se registasse necessidade de interditar a praia, disse à Lusa fonte da Polícia Marítima. A mesma fonte revelou que o animal foi avistado de manhã no Pego e, na altura, como se desconhecia o tipo de tubarão, foi hasteada a bandeira vermelha. Conhecida a espécie – o tubarão-tintureira é o que mais vezes é avistado junto à costa portuguesa –, a bandeira vermelha deu lugar à amarela» («Tubarão avistado nas praias», Diário de Notícias, 6.07.2014, p. 17).
É o mais avistado na costa portuguesa — mas nos dicionários avista-se pouco. No Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, por exemplo, está no verbete «tintureira», isto quando o «tubarão-azul», o «tubarão-branco», o «tubarão-frade», o «tubarão-martelo» e o «tubarão-tigre» tiveram direito a verbete. O «tubarão-frade» está lá por sugestão minha, lembram-se?
[Texto 4803]
Se eles o dizem...
«Levaram sacos-cama e passaram a noite no átrio do Museu Nacional de Arte Contemporânea [MNAC], em Lisboa. Os cerca de 20 “artivistas”, como eles próprios se definem, passaram a noite atualizando as notícias sobre a ocupação nas redes sociais, discutindo os problemas da cultura em Portugal e preparando o fim da “invasão”, que aconteceu já de manhã, pelas 10.20. A polícia encontrava-se à porta do museu[,] mas não foi necessária a sua intervenção» («‘Artivistas’ ocuparam museu durante uma noite», Maria João Caetano, Diário de Notícias, 6.07.2014, p. 45).
[Texto 4802]
Agora é assim
«Nascido numa família de agricultores, Viktor Sabodan estudou no Seminário de Leninegrado e em 1965 foi nomeado reitor do Seminário de Teologia de Odessa e elevado à posição de arquimandrita» («O líder do ramo ucraniano da Igreja Ortodoxa Russa», Diário de Notícias, 6.07.2014, p. 19).
Arquimandrita (do grego Αρχιμανδρίτης, qualquer coisa como «o que manda no redil») é a designação que tem o superior de um mosteiro de rito oriental que recebeu a bênção do patriarca ou do bispo local. Sem «líder» é que já ninguém passa.
[Texto 4801]
Servem para o mesmo
Falamos e escrevemos francês, mas depois... falta o acento: récamier. E a propósito: um antiquário queria vender-me uma chaise longue lindíssima. Quer dizer, ele é que dizia que era uma chaise longue. Está bem, tem de ser um galicismo, mas é outro: era uma méridienne.
[Texto 4800]