«Comportamentos aditivos»?
Devem estar loucos
Por vários motivos, 2011 foi um dos piores anos deste século. Foi mesmo no fim daquele ano que, por exemplo, saiu no Diário da República o Decreto-Lei n.º 124/2011, de 29 de Dezembro, que veio extinguir o Instituto da Droga e da Toxicodependência — designação que toda a gente entendia — e criar o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências. Já quase nos habituámos, e sem sequer um esboço de protesto, a estas mudanças para pior.
«Aditivo», por enquanto, é apenas a substância que se incorpora a um produto alimentar para efeitos de apresentação, conservação ou intensificação do sabor. O dicionário da Real Academia Espanhola regista-o, mas com a grafia adictivo: «Dicho especialmente de una droga: Que, empleada de forma repetida, crea necesidad y hábito.» É isto que o indouto legislador queria dizer? Bem, ainda estaria mal. Referente a adicto, o adjectivo é adictício. Que o castelhano não tem, apenas aditicio, «acrescentado», assim como tem adicción, reservando, como eu faço com «adição», a adición para a «acción y efecto de añadir». Cá, não se distingue: confunde-se, amalgama-se tudo.
[Texto 4846]