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Linguagista

Tradução: «postern gate»

Por vezes, ganhamos

 

 

      Por vezes, é a nossa língua a mais sintética. No original, estava postern gate; o tradutor queria que fosse «porta traseira da cidade». Com menos letras: poterna. É a galeria subterrânea ou porta falsa para sair secretamente de uma praça fortificada. E, o que é melhor, na origem estão palavras da mesma família, porque «poterna» vem do latim, por intermédio do francês, posterŭla-, «porta das traseiras».

 

[Texto 4858]

Tradução: «hardtack»

Seria quadricoito

 

 

   Não sabia que o nosso biscoito de bordo (e também do mar ou de navio) se diz em inglês hardtack (e também, e mais explícito, ship’s biscuit ou pilot biscuit). Biscoito, como sabem, vem do latim medieval bis coctus, ou seja, duas vezes cozido, mas o biscoito de bordo, que era pão, na verdade, era cozido quatro vezes, para ficar completamente desidratado e assim se conservar durante mais tempo.

 

[Texto 4857]

Tradução: «statelet»

Ou é tudo igual?

 

 

      Em inglês, há os termos microstate e ministate, que são sinónimos. Os exemplos são conhecidos de todos: Liechtenstein, Mónaco, etc. Também temos: microestado e miniestado. Mas em inglês também há o termo statelet. «A small state, especially one that is closely affiliated to or has emerged from the break-up of a larger state» (in Oxford Dictionaries). «The Gaza Strip statelet», exemplifica o Collins. E em português, como será? «Estado em miniatura», leio numa tradução. Para já, fica assim, mas não me convence.

 

[Texto 4856]

Ai, ai, «Bem-Vindos a Beirais»

Quem vos avisa...

 

 

      Esta semana vi, em má hora, um episódio de Bem-Vindos a Beirais. Era o episódio 89, com o título «Plié». Guionistas e responsáveis da série deviam pensar seriamente em contratar um revisor, isto se respeitarem os espectadores e a língua. Três exemplos apenas deste episódio: a personagem Inês disse: «Vou meter os sonos em dia.» Segundos depois, é a vez da personagem Clara: «Esta Inês tem com cada ideia!» Pior de todas: a mesma Clara: «Não sei. Eu acho que quando ela ver o maillot rasgado vai desatar aos berros.»

 

[Texto 4855]

Sobre «panicar»

O que não seria motivo de glória

 

 

      «O verbo panicar não foi inventado por mim, nem por nenhum dos milhões de brasileiros que a toda a hora estão a verbalizar novos verbos. Foi Marcelo Rebelo de Sousa que, na TVI, defendeu que “não há razões para as pessoas panicarem”, porque o problema do BES está resolvido com a nova equipa liderada por Vítor Bento. Na verdade, a chegada de Vítor Bento é uma boa notícia para ajudar a resolver um problema cada vez mais bicudo mas não chega, porque a liderança importa mas há na herança problemas sérios que não se resolvem com a chegada de um super-homem» («Eu panico, tu panicas...», Paulo Baldaia, Diário de Notícias, 20.07.2014, p. 17).

      Dito assim, até parece que foi Marcelo Rebelo de Sousa que inventou o verbo «panicar».

 

[Texto 4854]

«Levar uma teca»

Há sempre uma primeira vez

 

 

  O escritor Nuno Costa Santos foi ontem um dos convidados do programa (repetido, ao que creio) Nas Nuvens, no Canal Q. Uma das sugestões de Nuno Costa Santos foi o jogo FIFA 14. «Eu tenho jogado com o meu filho. Ele tem-me dado umas tecas.» Creio que foi David Ferreira, outro dos convidados, que disse que não ouvia a palavra havia muito tempo. Pois eu não a conhecia nesta acepção.

 

[Texto 4853]