Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

Léxico: «Bufa»

Os soldadinhos da MP

 

 

  «Quanto à Mocidade Portuguesa, conhecida entre a rapaziada por “Bufa”, era uma organização infanto-juvenil de modelo militar (embora não armada) e ideologia de recorte fascista, fundada em 1936 por decalque nos modelos das juventudes hitleriana (Hitlerjugend) e mussoliniana (Opera Nazionale Balilla). Envergando camisas verde-bandeira, os jovens a partir dos 7 anos erguiam o braço na saudação dita “romana” e cantavam em coro obrigatório: “Somos pequenos lusitos/ mas já firmes e leais./ Amamos e respeitamos/ nossos chefes, nossos pais.”» («Representação nos trópicos», L. A. M., Visão, 10.04.2014, p. 28).

     Bufa. Acho que podia estar nos dicionários gerais, e não apenas nas enciclopédias — se é que está em alguma. Pouco digno? Ora, ora...

 

[Texto 4870] 

Léxico: «lancear»

Muito bem

 

 

      «O vinho simboliza o sangue de Cristo, a água, as lágrimas que saíram do coração de Cristo quando foi lanceado na cruz» («Castedo do Douro em festa», «Ocasião»/Diário de Notícias, 25.07.2014, p. 1).

   Aproveitemos, que não é todos os dias que se vê esta palavra. Lanceado é ferido com lança. Em sentido figurado, é lancinar, atormentar, pungir.

 

 

[Texto 4869]

Sobre «selfie»

Empatados

 

 

   «Quantas jovens se podem gabar de ter um selfie, um autorretrato, com uma rainha sorridente ao fundo?» («Isabel II ‘intrometeu-se’ em ‘selfie’ de adolescentes», Diário de Notícias, 25.07.2014, p. 14).

     Não se diz sempre uma selfie por acaso? O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora atribui-lhe o género feminino. Já traduzir por «auto-retrato» supera em clareza o próprio dicionário. (Só me surpreende que não usassem outro estrangeirismo, porque na verdade é uma photobomb. Tudo antecipado pelo nosso Emplastro, que faz isto há anos.)

 

 

[Texto 4868]

Léxico: «astrócito»

Essa é que é essa

 

 

      «Investigadores da Universidade do Minho [UM] demonstraram numa experiência com ratinhos que a morte dos astrócitos, células do cérebro que comunicam com os neurónios, pode justificar alterações comportamentais típicas de doenças mentais como a depressão ou a esquizofrenia» («Explicação para doenças mentais», Diário de Notícias, 25.07.2014, p. 14).

    Diria que está mais bem explicado do que no Dicionário de Termos Médicos da Porto Editora (no Dicionário da Língua Portuguesa não está registado), que diz que é a «célula em forma de estrela da nevrólgia». Pode repetir? É que «nevrólgia» nem sequer está registado neste dicionário. Pior: não o encontro em nenhum dicionário.

 

[Texto 4867]

Sobre a Guiné Equatorial na CPLP

Ora tomem

 

 

      «O diário estatal [de Angola] assevera que esta oposição “revela uma contradição insanável eivada de ignorância e uma tendência inquietante para criar um apartheid nas relações internacionais”. O matutino considera a pena de morte um argumento “muito débil”, tendo em conta que nos EUA se “executam todos os dias condenados à pena capital”. Nem a questão da língua portuguesa escapou ao ataque do Jornal de Angola, que acusa as “elites estrábicas” de nem terem sido “capazes de a defender” do Acordo Ortográfico. O jornal lembra a povoação das ilhas de Fernando Pó e Ano Bom, por escravos angolanos, e garante que ali “há um tesouro da lusofonia: fala-se crioulo que tem por base o português arcaico”» («CPLP não impôs prazo de abolição da pena de morte», Valentina Marcelino, Diário de Notícias, 25.07.2014, p. 10).

 

[Texto 4866]