Sobre «pobreza»
Fazer o mal e a caramunha
«Já o ex-ministro Bagão Félix admite que tenha subjazido ao anúncio dos cortes uma tentativa de desviar as atenções. “Está a haver um excesso de medidas e de preocupações para atacar situações de desajustamento ou até mesmo fraude, que certamente existem, como se o problema das finanças públicas estivesse centrado nesta questão. Numa altura em que andamos a discutir se os contribuintes vão pagar o BES, a questão dos swaps, do BPN, de uma série de maus investimentos de milhões e milhões, o Governo de repente recentra o debate como se o cancro social estivesse nas prestações contributivas. E sabe quantas vezes aparece a palavra pobreza nas 300 páginas do relatório do Orçamento? Quatro.”» («Especialistas dizem que “tecto” para apoios já em 2015 é impossível», Natália Faria, Público, 27.10.2014, p. 12).
Quatro? E quantas vezes aparecia há dez anos? A palavra «pobreza» só recentemente foi reabilitada, graças aos políticos, que nos empobreceram e agora no-la devolvem.
[Texto 5191]