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Linguagista

«Os Tudors»

Haja esperança

 

      «Ricardo III foi o último monarca inglês da casa de Iorque. Reinou durante apenas dois anos e morreu, em 1485, na guerra contra os Tudor. Não deixou descendentes directos» («Identificação do rei Ricardo III: caso encerrado», Ana Gerschenfeld, Público, 5.12.2014, p. 37).

      Começou tão bem, Ana Gerschenfeld, com a casa de Iorque, mas foi logo espetar-se no plural avariado do apelido. É Tudors, acredite, como é Stuarts, Beauforts, Silvas, Gerschenfelds, e por aí fora. Tenho esperança que isto melhore. É a minha atitude filosófica. Também para Kant, apenas três coisas podem realmente fortalecer o homem contra as tribulações da vida: a esperança, o sono e o riso.

 

[Texto 5328]

Léxico: «alfa-gal»

Outra nova

 

      «A equipa de Miguel Soares foi estudar um grupo de anticorpos produzidos em grande quantidade pelo sistema imunitário dos humanos — 5% de todos os anticorpos. Estes anticorpos ligam-se ao alfa-gal — um açúcar produzido tanto na parede celular das bactérias, como em células de alguns mamíferos (como os ratinhos e os porcos), e que também aparece na membrana dos parasitas da malária no momento da picada dos mosquitos» («Malária pode ser derrotada com a ajuda de bactérias dos intestinos», Nicolau Ferreira, Público, 5.12.2014, p. 36).

 

[Texto 5327]

Léxico: «microbioma»

Ainda não

 

      «A equipa conseguiu descrever o mecanismo desta ligação, mostrando pela primeira vez que o microbioma, os microrganismos que vivem em mamíferos, influencia e pode ajudar o seu sistema imunitário na luta contra outras doenças. Ao mesmo tempo, os cientistas propõem uma vacina para a malária, usando este método» («Malária pode ser derrotada com a ajuda de bactérias dos intestinos», Nicolau Ferreira, Público, 5.12.2014, p. 36).

 

[Texto 5326]

Ortografia: «co-evolução»

Não era por aí

 

  «“É brutal. A interacção e a co-evolução dos humanos com este microbioma criou uma relação com ele que nos protege contra outro microrganismo”, diz Miguel Soares» («Malária pode ser derrotada com a ajuda de bactérias dos intestinos», Nicolau Ferreira, Público, 5.12.2014, p. 36).

      Em Maio de 2011, tratei desta questão no Assim Mesmo. Escrevi então: «Coevolução ou co-evolução? O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora não quer comprometer-se, e por isso, se regista “coeducação”, não regista “coevolução”. Depois do novo acordo ortográfico será mais simples. Antes, ou seja, agora e até 2016 (Maio ou Setembro, Fernando?), se o prefixo significa “a par”, “juntamente”, exige hífen — co-eleitor, co-esposa, co-eterno —, como se lê aqui, no sítio da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, onde se previne: “A regra, no entanto, não se aplica facilmente e de forma coerente, razão por que, em caso de dúvida, é sempre melhor consultar um dicionário.” Consultemos então a edição portuguesa do Dicionário Houaiss, porque regista ambos os vocábulos. Lá está: “co-educação” mas “coevolução”. Pergunto: não significa o prefixo, em ambos, “a par”, “juntamente”?»

   Algo mudou, entretanto, e não foi para melhor: temos aí o Acordo Ortográfico e o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista agora «coeducação» e «coevolução». Contudo, certo era — nos dois casos, evidentemente — com hífen. A incoerência, porém, vem de longe (Rebelo Gonçalves regista, por exemplo, «coeducação» e «co-gerência») e vai continuar.

 

[Texto 5325]