Não era por aí
«“É brutal. A interacção e a co-evolução dos humanos com este microbioma criou uma relação com ele que nos protege contra outro microrganismo”, diz Miguel Soares» («Malária pode ser derrotada com a ajuda de bactérias dos intestinos», Nicolau Ferreira, Público, 5.12.2014, p. 36).
Em Maio de 2011, tratei desta questão no Assim Mesmo. Escrevi então: «Coevolução ou co-evolução? O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora não quer comprometer-se, e por isso, se regista “coeducação”, não regista “coevolução”. Depois do novo acordo ortográfico será mais simples. Antes, ou seja, agora e até 2016 (Maio ou Setembro, Fernando?), se o prefixo significa “a par”, “juntamente”, exige hífen — co-eleitor, co-esposa, co-eterno —, como se lê aqui, no sítio da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, onde se previne: “A regra, no entanto, não se aplica facilmente e de forma coerente, razão por que, em caso de dúvida, é sempre melhor consultar um dicionário.” Consultemos então a edição portuguesa do Dicionário Houaiss, porque regista ambos os vocábulos. Lá está: “co-educação” mas “coevolução”. Pergunto: não significa o prefixo, em ambos, “a par”, “juntamente”?»
Algo mudou, entretanto, e não foi para melhor: temos aí o Acordo Ortográfico e o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista agora «coeducação» e «coevolução». Contudo, certo era — nos dois casos, evidentemente — com hífen. A incoerência, porém, vem de longe (Rebelo Gonçalves regista, por exemplo, «coeducação» e «co-gerência») e vai continuar.
[Texto 5325]