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Linguagista

«E hão-de-se enganar sempre»

Esta é profética

 

   Se mete hífenes, começam a tremer. Sim, é verdade: alguns não tremem, pura e simplesmente deixam essas (e outras...) minudências para o revisor (só que, por vezes, como no Livro sem Ninguém, de Pedro Guilherme-Moreira, nem o revisor viu ou sabia, e lá ficaram as «pêras expressionistas» a decorar a página 152). «Et ils se tromperont toujours», lia-se no original. Para o tradutor, e o texto não segue o Acordo Ortográfico de 1990, era assim: «E hão de se enganar sempre.» Talvez até se assuste agora com os dois hífenes: «E hão-de-se enganar sempre.»

 

[Texto 5343]

Léxico: «foguense»

Graças ao vulcão

 

      Desde que o vulcão entrou em erupção, no passado 23 de Novembro, todos os dias ouvimos notícias sobre a ilha do Fogo, em Cabo Verde. Curiosamente, só uma vez, neste fim-de-semana, vi o vocábulo foguense ser empregado, na rádio. Valha a verdade que raramente se lê ou ouve. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora não o regista.

  «No acanhado cais de São Filipe, na ilha do Fogo, continuava fundeado um navio a descarregar uns tantos milhares de sacos de cimento. Se o guindaste foguense fosse dado a vagares como os que estavam à vista...» («O capitão foi dormir, o imediato está a comer», Humberto Lopes, «Fugas»/Público, 2.07.2005, p. 16).

 

[Texto 5342]

Léxico: «defuntear»

Matar, assassinar

 

      «Está correcto, e admite-se o azar. Mas, ainda assim, há obras que não envelhecem — e tanto hoje como há um ano, estes trabalhos de Pedro Maia e Calvão da Silva são admiráveis exemplos de como é possível, em troca de um estipêndio que se imagina generoso, defuntear o senso comum e enterrar o seu cadáver debaixo de exuberantes pareceres jurídicos de professores doutores de Coimbra. Um grande “meu Deus!” para eles — de espanto e de indignação» («Professores doutores de Coimbra», João Miguel Tavares, Público, 9.12.2014, p. 48).

 

[Texto 5341]