Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

Fulano, Sicrano, Beltrano

Isto já não se endireita

 

    «“Não vou dizer que era fulano ou sicrano [o responsável pela manipulação das contas da ESI]. Haverá uma combinação das pessoas que estavam responsáveis pela tesouraria do grupo”, mas não vou dizer que “foram eles os responsáveis”. José Manuel Espírito Santo observou ainda que o ex-contabilista do BES nunca lhe mencionou “que as contas não estavam correctas”. “Presumo que Machado da Cruz não tenha decidido por conta própria”, afirmou» («“Quem é que em Portugal não confiava em Ricardo Salgado?”», Cristina Ferreira e Paulo Pena, Público, 17.12.2014, p. 21).

    É assim que passou a ver-se quase sempre; no entanto, o Acordo Ortográfico de 1945 estatui, expressamente, que se escrevem «com maiúscula inicial os vocábulos que nomeiam pessoas de maneira vaga, fazendo as vezes de antropónimos, como Fulano, Sicrano, Beltrano e respectivos femininos». O Acordo Ortográfico de 1990 veio depois confundir, sobretudo em cabeças pouco atreitas a pensar, tudo o que — bem ou mal, são meras convenções — estava estabelecido.

 

[Texto 5440]

«Cartoonista»/«cartunista»

Resolvemos nós

 

    Um leitor do Público escreveu ao provedor do jornal porque não concorda que se escreva «cartoonista» em vez de «cartunista». Bem, apesar da linguagem espúria e do termo inglês (header) evitável que usa, tem razão. Contudo, o argumento que aduz é simplesmente errado: «não faz sentido que uma palavra portuguesa tenha os dois ‘ós’ [sic] a meio». Acha? Pior, mas já estamos habituados, só a resposta do provedor: «Registo a sua repulsa pelo bárbaro acontecimento. Quanto à sua discordância linguística, deixo-a aos linguistas. Por ora, nem eu, nem a jornalista Sofia Lorena a podemos resolver.»

 

[Texto 5439]