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Linguagista

Léxico: «coimar»

Sensíveis à chuva

 

      «Hoje o nosso objectivo não foi coimar ninguém, foi só mais na parte de sensibilização», disse o comandante André Gomes, da Polícia Municipal de Lisboa a propósito das novas regras de trânsito na capital. Muito sensíveis, os polícias. Não quiseram arriscar uma constipação, isso sim.

 

[Texto 5459]

Tradução: «part owner»

Pouco se usa hoje

 

     «Somos», diz o ardiloso capitão Peleg a Ismael, «ao mesmo tempo comanditários e agentes» (Moby Dick, a Baleia Branca, H. Melville. Versão de Alsácia Fontes Machado. Lisboa: Portugália Editora, «Colecção Biblioteca dos Rapazes», s/d, p. 54). No original está: «We are part owners and agents.» Será a melhor tradução? Não seria melhor «comproprietário», «dono»? Sociedades em comandita, é verdade, ainda as há, mas creio que o original não autoriza tal tradução.

 

[Texto 5458]

Léxico: «paletúvio»

Nunca vista

 

      «Dum lado havia um recife de coral e do outro uma língua de terra baixa, coberta de tufos de paletúvios, que se prolongavam até dentro de água» (Moby Dick, a Baleia Branca, H. Melville. Versão de Alsácia Fontes Machado. Lisboa: Portugália Editora, «Colecção Biblioteca dos Rapazes», s/d, p. 40).

      Tanto quanto me lembro, nunca a vira antes. Não está no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Curiosamente (e incoerentemente), está no Dicionário de Francês-Português da mesma editora: palétuvier: paletúvio, mangue». No original, lê-se «mangrove thickets». É isso mesmo, o nome dado a diversas plantas das regiões costeiras tropicais, que crescem em terrenos alagadiços, formando uma densa floresta.

 

[Texto 5457]

«Quanto antes»

O mais depressa possível

 

      «O ex-secretário-geral do PSD Ribau Esteves discorda da estratégia da direcção do partido relativamente às legislativas e defende que os dois partidos do Governo “devem assumir o quanto antes uma candidatura em coligação” às próximas eleições. “O tempo que eu acharia correcto para se fazer uma coligação já passou. O Governo deveria ter assumido uma remodelação governamental em Julho e a assunção de uma coligação deveria ter sido feita na rentrée política, em Setembro”, declara» («Ribau Esteves desafia Passos e Portas a fazerem uma coligação “o quanto antes”», Margarida Gomes, Público, 16.01.2015, p. 5).

      Viu bem, caro Francisco: da locução não faz parte aquele o. É quanto antes, e chega. Agora passem a reparar nas vezes que aparece adjungido com aquele espúrio o.

 

[Texto 5456]

Um doutor que o não quer ser

Com alguma galhofa

 

      «A única coisa que pediu foi para não o tratarem por “doutor”. Depois, marcou o tom» («Com alguma “galhofa”, Luís Horta e Costa explicou aos deputados como fugiu ao fisco», Cristina Ferreira e Paulo Pena, Público, 16.01.2015, p. 8).

      Podemos, sem receio de pesos na consciência, não acreditar numa só palavra de quanto dizem, mas têm os seus méritos.

 

[Texto 5455]

Léxico: «[crawling] peg»

Esforços repartidos

 

      «O Banco Central da Suíça surpreendeu ontem ao anunciar o fim da ligação do franco ao euro. O “peg” do franco suíço ao euro era uma espécie de cordão umbilical que ligava os suíços à moeda única e remontava à década de 70. Nessa altura, os suíços já tinham de combater um franco forte e impuseram não só taxas de juro negativas, mas também um tecto ao câmbio face ao marco alemão. Em 2011, novamente para evitar a sobrevalorização da moeda e para evitar o contágio da crise do euro, a Suíça voltou a colocar um travão à valorização da moeda (1,20 francos por cada euro) que ontem surpreendente deixou cair» («Se descarrilar, descarrilou», Pedro Sousa Carvalho, Público, 16.01.2015, p. 48).

      O leitor que procure saber o que é o peg, não é assim? De crawling peg, que são câmbios fixos com possibilidade de desvalorizações periódicas em relação a uma moeda de referência.

 

[Texto 5454]