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Linguagista

Aportuguesamento: «haraquíri»

Graças ao tradutor

 

   «O haraquíri é uma nobre tradição japonesa em que militares, políticos, empresários e às vezes escritores (como Yukio Mishima), envergonhados por fracassos ou ações que, acreditavam, os desonravam, se esventravam numa cerimónia sangrenta» («O haraquíri», Mario Vargas Llosa, Diário de Notícias, 15.02.2015, p. 3).

    Agradeçamos, pois então, ao tradutor, porque Mario Vargas Llosa escreveu «harakiri», quando também está acastelhanada em «haraquiri». Infelizmente, por odiosa tradição e péssimo hábito dos jornais, não sabemos quem é o tradutor.

 

[Texto 5567]

Léxico: «moquenco»

Também desconhecem

 

     «O que tu precisavas era de um moquenco no focinho...» (Contos, Miguel Torga. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 2009, p. 629).

      Esta acepção (já vimos, hão-de lembrar-se, outra aqui), pelo contrário, não está no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Nem, na verdade, noutros dicionários.

 

[Texto 5566]

Léxico: «cortada»

Mas pouco usada

 

      «Seguindo as indicações, virou numa cortada à direita que quase lhe passara despercebida, por haver uma clareira que disfarçava a sua entrada» (O Tempo só Falta no Fim, Jorge Seabra. Porto: Campo das Letras, 2002, p. 60).

      Esta, felizmente, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista-a: «caminho que corta a direito para se ir a determinado sítio». O mesmo, lê-se noutros dicionários, que «travessa».

 

[Texto 5565] 

«O raça do homem»

Ah, os dicionaristas

 

      «Achou graça ao meu desembaraço, o raça do lóia. Iluminou-se-lhe o sorriso numa fieira de dentes alvos e entendi, não tanto pelas palavras nasaladas com que me respondeu mas pela maneira afável e sorridente como as proferiu, que eu havia acertado na muche do meu desejo — tinha boleia garantida» (Ciclone de Setembro, Cristóvão de Aguiar. Lisboa: Editorial Caminho, 1985, p. 23).

      Usa-se, sim senhor, e sobretudo na oralidade — mas nos dicionários? — nem raça dela.

 

[Texto 5564]