Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

«Duplo homicídio/múltiplo homicídio»

Que exagero

 

      Foram assassinadas, à mesma hora e no mesmo local, pelo mesmo homicida, duas pessoas, mas logo o autor, exagerado, escreve que houve «múltiplo homicídio». Chamemos John E. Douglas e colegas: «A double homicide is two victims, one event, and in one location» (Crime Classification Manual, Douglas, J., Burgess, A. W., Burgess, A., & Ressler, R. São Francisco, CA: Jossey-Bass, 2.ª ed., 2006, p. 13). Com três vítimas, é triplo homicídio e com mais de três, então sim, múltiplo homicídio.

 

[Texto 5590]

«Direita alta»?

Indicação teatral?

 

      «Piedade (dando uns passos em direcção à direita alta) Vou eu. Ao que eu cheguei!» (A Reviravolta, Almeida Faria. Lisboa: Editorial Caminho, 1999, p. 72). Sou só eu que acho isto estranho, «direita alta»? Nunca tal tinha lido ou ouvido.

 

[Texto 5589]

Como falam os treinadores

Há ideias assim

 

      No noticiário das 3 da tarde na Antena 1, Jorge Jesus, naquela sua característica voz de quem está à rasquinha, opinava que levar Eusébio para o Panteão era «uma ideia merecida».

 

[Texto 5588]

«Talhada de melão»

Vai sendo tudo indiferente

 

      «O seu [de William Tallon] dia começava às 7h30, hora a que servia o pequeno-almoço, na cama, à sua Rainha – um chá aguado, um bolo com sementes de papoila e uma fatia de melão – e terminava bem tarde, já que a avó do príncipe Carlos nunca se deitava cedo» («Billy, prepara-me um gin como só tu sabes», Sónia Bento, Sábado, 19-25.02.2015, p. 86).

      Eu sempre disse e li «talhada», mas vejo que também nas traduções agora só há «fatias». Já em 1842, António Maria do Couto, a propósito da voz «esfatiar» escrevia que, pela semelhança do corte, diz-se, «não fatia, mas huma talhada de melão, de melancia, de abóbora». Num supremo exercício de inteligência, os ciberdúbios, como diz Montexto, pontificam que «fatia também se ouve muito».

 

[Texto 5587]

O elemento «auto-»

Aprendam com eles

 

      Em português é exactamente igual, e já o temos dito, mas se querem aprender com o pessoal da Fundéu, estejam à vontade: «La expresión autoatribuirse algo resulta redundante, ya que en este caso tanto el elemento compositivo auto- como el pronombre se cumplen la misma función: indicar que la acción de atribuir recae sobre el propio sujeto.

      No obstante, en los medios de comunicación es frecuente leer frases como «El grupo se autoatribuyó los atentados», “La Sala Tercera del Tribunal Supremo se autoatribuye la potestad de exigir que el indulto se motive” o “La Junta acusa a la jueza de autoatribuirse competencias”. En todos esos casos habría sido preferible optar por el verbo atribuirse sin necesidad de añadirle el prefijo auto-: “El grupo se atribuyó los atentados”, “La Sala Tercera del Tribunal Supremo se atribuye la potestad de exigir que el indulto se motive” y “La Junta acusa a la jueza de atribuirse competencias”.

      El elemento compositivo auto- sí que es preciso para completar el sentido de la expresión en el sustantivo autoatribución, que no va acompañado del pronombre se: “Critican la autoatribución de poderes por parte del alcalde.”»

 

[Texto 5586]