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Linguagista

Vinho do Porto

Pode acontecer

 

      Não sei, mas palpita-me que alguém pode querer saber que o vinho do Porto é também denominado, na região, vinho generoso, vinho tratado, vinho fino ou vinho de benefício, ao passo que o vinho de mesa é também conhecido como vinho de pasto ou vinho de consumo.

 

[Texto 5595]

Ortografia: «meias-solas»

No desvario, esquecidas

 

      «Bem sei que as meias-solas que deitei/ Nas botas aprazadas não resistem/ À calçada do tempo que discorro.» Meu Deus, um poema de Saramago... Um poema possível dos Poemas Possíveis. Bem, mas é apenas para lembrar que é assim que se escreve: meias-solas. Estranhamente, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora não regista o vocábulo, o que contribui para muitos o escreverem, como acabei de ver, erradamente. No desvario consumista, até os dicionários já o esqueceram.

 

[Texto 5594]

«Skrei»? Bacalhau fresco

Afinal, é bacalhau

 

      «Os Portugueses», lê-se na apresentação desta reportagem que ontem se pôde ver no Telejornal, «são grandes apreciadores de bacalhau seco, mas poucos são os que consomem o bacalhau fresco. Para contrariar esta tendência, e abrir o apetite a novas aventuras com bacalhau, decorre em Lisboa um roteiro gastronómico de fazer crescer muita água na boca.» Para contrariar esta tendência, organizaram um festival: o Skrei Fest, porque skrei é o nome norueguês do bacalhau, ou, pelo menos, do que é capturado de Janeiro a Abril nos locais de desova da costa norueguesa e consumido fresco.

 

[Texto 5593]

«Encarpado/escarpado»

Tudo de outiva

 

      «Ondas encarpadas», hein? É como diz Montexto: tudo o que for, ainda que remotamente, parecido, está sujeito a ser confundido. Encarpado só se for um salto: diz-se do salto em que as pernas estão juntas e esticadas e o corpo se dobra pela cintura. As ondas são escarpadas. E salsas, revoltosas, turbilhonantes, selvagens, o que quiserem.

 

[Texto 5592]

Plural: «géiseres»

Dantes sabiam

 

      «Caldeiras: assim se chamam os géiseres na ilha de S. Miguel» (A Morgadinha do Valongo, Manuel da Câmara. Porto: Companhia Portuguesa Editora, 1925, p. 131). Em 1925, o autor fazia assim o plural, que é elementar: acrescenta-se -es depois do r final, formando uma palavra esdrúxula, que se pode acentuar de duas formas: géiseres e gêiseres. Agora é que os autores, com toda a inteligência canalizada para usarem o iPhone, não sabem estas coisas.

 

[Texto 5591]