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Linguagista

Sobre «alcachofra»

As alcachofras e o Syriza

 

      Fiquei hoje a saber que o nome «alcachofra» provém do árabe خرشوف (al-kharshûf), que significa «a espinhosa». (Em castelhano, porém, é alcachofa.) Entre os Gregos, recebeu o nome cynara, com base numa lenda antiga segundo a qual Cynara seria uma jovem que rejeitou Zeus e, como castigo, foi por ele transformada nessa planta. Coitada. Por isso também, o nome científico da alcachofra é Cynara scolymus e o princípio activo, de sabor amargo, que se extrai desta planta herbácea com a parte floral em forma de pinha se chama cinarina. Esperem lá... Alcachofra não devia ser apenas o nome da flor, ou melhor, da inflorescência da planta, que se chamaria «alcachofreira»? Está bem, a parte pelo todo, mas tinha de ficar nos dicionários a palavra «alcachofreira». Finalmente, e eu sei que não devia revelar isto, um dos nomes comuns dantes usados para designar esta planta era... cachofra. O Syriza não faz parte desta história, é só para alcachofrar o leitor amuado.

 

[Texto 5598]

Ainda o plural de «avô»

Assim, ainda é mais óbvio

 

      «Avós, avôs. Seria conveniente aplicar a primeira forma ao plural de avó», afirmou Botelho de Amaral, e decerto que se lembram de eu aqui o ter citado. Está, pelo menos, na memória de alguns, pois o leitor Gonçalo Esteves acaba de me mandar o excerto abaixo da obra As Coisas, do poeta e músico brasileiro Arnaldo Antunes. O leitor pergunta a si próprio «se o que ele julga ser um símbolo de valor emocional não será mais do que uma falha no entendimento da nossa língua (uma discrepância que prova exactamente o contrário do que ele quer ressaltar)».

 

[Texto 5597]

avô.png

 

Ortografia: «tem-te-não-caias»

Como também pode acontecer

 

      «Calar-me eu? Porquê? — quis saber o outro, deitando a mão ao intercomunicador e obtendo como resposta um sopapo que o projectou, tem-te-não-caias, contra o aglomerado» (Memória Delta, António Cabral. Lisboa: Editorial Notícias, 1989, p. 99).

 

[Texto 5596]