Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Linguagista

Que molhos são estes

Fica-lhe muito mal

 

      Senhora Eng.ª Daniela Rosa: não diga «mólhos» quando se refere aos preparados de consistência cremosa fabricados pela sua empresa, a Mendes Gonçalves. Diz-se /môlho/môlhos/. Homógrafa (isto é, palavra com a mesma forma gráfica — é tudo molho/molhos —, mas com forma fonética, acentuação e significado diferentes) desta é /mólho/mólhos/, isto é, punhado, feixe, braçado, paveia.

 

[Texto 5618]

«Grívnia»?

Quem fez isto?

 

   Vi ontem, pela primeira vez, o nome em português da unidade monetária da Ucrânia, grívnia. Foi, para maior espanto, numa legenda na televisão, na RTP1. É um aportuguesamento, claro, porque em cirílico é гривня, que habitualmente se vê transliterado hryvnia (e cujo símbolo é ₴). É como se vê, por exemplo, no Código de Redacção Interinstitucional e no sítio do Banco Nacional da Ucrânia. Ora, se aquela sequência inicial nos é totalmente desconhecida, o certo é que, quando ouvimos um natural da Ucrânia a pronunciar a palavra, não se percebe nada de parecido com «grívnia». Ou será que tenho de consultar um otorrino? Talvez precise, pois no dicionário da Real Academia Espanhola também está «grivna»: «grivna. ‘Unidad monetaria de Ucrania’: «Dobló las pensiones de 150 a 300 grivnas» (Mundo@ [Esp.] 30.10.04). Es voz femenina. Deben evitarse otras grafías, como jrivnia o hryvnia, ajenas al sistema gráfico español.»

 

[Texto 5617]

Léxico: «abafar»

Conheciam esta acepção?

 

      «Já consegue falar sobre o assunto sem pestanejar. Passava pouco das 8 da manhã. O carro abafou em Ermesinde, na A4. “Saí. Dirigi-me à traseira para colocar o triângulo. Fui atropelada. Estive 18 dias em coma. Quando acordei, não tinha uma perna.”» («Amputados precisam de alguém que lhes diga que o mundo não acabou», Ana Cristina Pereira, Público, 1.03.2015, p. 12).

 

[Texto 5616] 

«Excusatio non petita...»

...«accusatio manifesta»

 

      Tenho de passar a seguir as coisas do futebol com mais frequência, pois agora os treinadores até já usam adágios latinos — só um pouco errados: «“Eu não falei das arbitragens. Estão confundidos. Falei de azar, nada mais. E não me dirigi a nenhuma equipa, mas apenas uma respondeu”, disse Julen Lopetegui, antes de soltar a expressão latina “Excusatio non petita, culpabilita manifesta”, que pode traduzir-se como “quem se desculpa sem ter sido acusado, culpabiliza-se”.

      Só que a expressão não é a correcta, embora o seu sentido seja. O que Lopetegui deveria ter dito seria: “Excusatio non petita, accusatio manifesta”» (in Público).

      A emenda está certa. Estamos habituados a ver o latim estropiado, sobretudo por incompetência dos jornalistas, mas desta vez algum teve discernimento para ir comprovar.

 

[Texto 5615]