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Linguagista

«Chamar a atenção/chamar à atenção»

Porque parecido, confundido

 

      No Red Light (fica assim?), em Amesterdão, uma mulher gorda numa montra «chamou-a à atenção», à tal personagem. Está errado: no sentido de despertar, atrair o interesse de alguém, diz-se chamar a atenção. Também existe, isso é certo, a expressão chamar à atenção, mas com o significado de chamar alguém para que preste atenção ou admoestar, advertir, repreender.

 

[Texto 5637]

«Ao de cima»

À superfície

 

      A personagem não queria «voltar ao de cimo». A culpa é da mãe, a autora. Podia escrever ao de cima ou ao cimo, duas formas de escrever a locução adverbial, mas não, misturou tudo. Ocorre-nos logo o provérbio a verdade e o azeite vêm ao de cima, que corresponde mais ou menos ao adágio latino nihil diu occultum, «nada oculto por muito tempo».

 

[Texto 5636]

Sempre em inglês

Para os indígenas perceberem

 

   “Em 2014 emigraram 387 médicos e cerca de 1100 pediram o certificado à Ordem [documento para poderem exercer a profissão noutro país]”, contabilizou José Manuel Silva. Quando um médico pretende emigrar, necessita de um certificado para apresentar nas instituições, os chamados “good standing certificates”, cujos pedidos têm vindo a aumentar nos últimos anos. Este foi o ano mais expressivo quanto a essa realidade, adiantou» («Quase 400 médicos emigraram no ano passado e a Ordem está preocupada», Alexandra Campos, Público, 6.03.2015, p. 11).

    Ainda que, como é o caso, a conversa seja entre portugueses ou a emigração para Espanha, a designação é sempre em inglês.

 

[Texto 5635]

Regência do verbo «preferir»

Isso nunca

 

    «À semelhança do que acontece com os enfermeiros, Portugal transformou-se assim num viveiro para o recrutamento de médicos. Há países, como o Reino Unido, por exemplo, que preferem contratar médicos já formados do que formar profissionais. Os vários anúncios de empresas de recrutamento que se encontram no site da OM provam que os salários oferecidos são muito superiores aos praticados no país. No ano passado, vários hospitais da Arábia Saudita vieram a Portugal recrutar médicos e ofereciam salários que oscilavam entre oito e os 11 mil euros por mês» («Quase 400 médicos emigraram no ano passado e a Ordem está preocupada», Alexandra Campos, Público, 6.03.2015, p. 11).

  Talvez pensassem que toda a gente, ou pelo menos todos os jornalistas, já conhecia a regência do verbo «preferir». Infelizmente, isso nunca acontecerá sem implantes biónicos no cérebro. Aguardemos. O verbo preferir, Alexandra Campos, e já aqui tratei diversas vezes a questão, rege a preposição a e não a construção do que.

 

[Texto 5634]