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Linguagista

Sobre «comandante»

E isso é grave?

 

      «Mãe, mulher e comandante, apesar de o nome ainda não constar no dicionário e dos olhares ainda desconfiados» («Mulheres conquistam lugar ao comando de aviões comerciais», Filipa Simas, Telejornal, 13.03.2015).

      Ainda não consta no dicionário? Só se desapareceu nos últimos minutos. A jornalista queria dizer outra coisa, mas nós percebemos. Bem, comandante é substantivo sobrecomum — como cônjuge, por exemplo —, isto é, tem um género determinado e invariável, masculino, neste caso, para designar as pessoas de um ou outro sexo: seja homem ou mulher, diz-se sempre «o comandante». Se é homem ou se é mulher, apenas se depreenderá pela referência anafórica do contexto. Naturalmente, não representa nenhuma entorse (sim, feminina, esta) ao génio da língua dizer «a comandante». E, de facto, eu digo. Ora vejam: a comandante Rita Lopes, entrevistada, sobre a discriminação disse: «São as piadas do estacionamento, vá lá. Mas o que vale é que nós também não estacionamos os aviões, só os voamos

 

[Texto 5655]