No dialecto barrosão
«No meio dos bosques de pinhal, aveleiras e carvalhos primitivos da serra do Larouco, onde resiste uma das cerca de 60 alcateias existentes em Portugal, Jaime chegou a ver sete lobos “reais” juntos. A última vez foi há dois anos e “era um animal mesmo lindo”. “Ainda não foi há muitos dias que ouvi gargaliar [um coro de uivos, em dialecto barrosão], vinha ali daquele altinho”, e aponta para a montanha […] Um dos tesouros é a gola do lobo, um pedaço da traqueia do animal, que lhe era retirada depois de morto e fumada. Para manter a cartilagem intacta, Glória guarda-a com um pau de madeira enfiado no interior, cortado à medida. Segundo uma tradição secular, a gola era utilizada para curar o “mau ar do lobo”, ou lobagueira, doença que só afecta os porcos. O mal pode ser transmitido pelos cães ou outros animais que tenham contacto com a saliva ou excrementos do lobo e depois bebam água nas pias dos suínos» («Histórias de guerra e paz com magia dentro. Lobos», Marisa Soares, Público, 15.03.2015, p. 22).
[Texto 5656]