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Linguagista

«Diabetes tipo 1 e diabetes tipo 2»

E por desgraças e doenças

 

   O meu médico/autor não sabe isto: de acordo com a nova classificação (mas a caminho de fazer 20 anos...), publicada pela American Diabetes Association (ADA), os termos diabetes tipo I e diabetes tipo II foram substituídos por diabetes tipo 1 e tipo 2, respectivamente, com números arábicos em vez de algarismos romanos. E porquê? Ora, simples: «in part because the roman numeral II can easily be confused by the public as the number 11».

 

[Texto 5701]

«Levedura/levadura»

Espanholismo, arcaísmo... 

 

      ... ou nada disso. Pode ser lapso de revisão, mas na 50.ª edição do Prontuário Ortográfico e Guia da Língua Portuguesa, de Magnus Bergström e Neves Reis (Casa das Letras, 2011, p. 282), lê-se «levadura (m. q. levedura)» e «levedura (o m. q. lavedura)». Não sei se sabem, mas «levedura» é um arabismo, e o étimo, transliterado, é labbada, pelo que não era improvável termos até «lavadura». Mas não: temos, variantes, levadura e levedura. Afrânio do Amaral, nas suas Pesquisas Filológicas, depois de reconhecer que o velho Bluteau consigna a forma «levadura», afirma «tratar-se de arcaísmo, decorrente de lêvado ou, no opinar de alguns puristas, de mero espanholismo. A forma legítima é levedura». Se é arcaísmo, pelo menos nos dicionários actuais — que estão constantemente a arejar a casa — ainda sobrevive.

 

[Texto 5700]

Género: «enzima»

Área pantanosa

 

      «Estes enzimas são denominados, etc.» Alto! Querem ver que temos aqui outra «área crítica»? Para o dicionário da Real Academia Espanhola, depois de edição atrás de edição a considerá-lo do género feminino, passou a ser de género... ambíguo! Tanto pode usar-se como feminino como masculino. Para os confusionistas, é o paraíso. Mais: aquele dicionário afirma que vem do grego ἐν, em, e ζύμη, «levedura». Sim e não: foi cunhado, em 1876, pelo fisiologista alemão Wilhelm Kühne. Não veio, pois, directamente ou por intermédio do latim, da língua grega, e por isso a analogia com outros helenismos médicos derivados de neutros gregos terminados em -μα (-ma) não deve fazer-se. Entre nós, Silveira Bueno, no seu Grande Dicionário Etimológico-Prosódico da Língua Portuguesa, advoga o género masculino, mas creio que é voz isolada.

    É muito curioso que o adjectivo derivado «enzímico», considerado por muitos, e bem, a meu ver, o único correcto, nem sequer conste no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Vá, pelo menos como sinónimos.

 

[Texto 5699]