Perdemos todos
«Em 1996, cerca de 13 mil alunos fizeram o exame de 12.º ano de Latim. Em 2014, foram 114 os alunos que se apresentaram a exame — que agora se realiza no final do 11.º ano. O que se passou entretanto? Nos últimos 15 anos, o latim foi desaparecendo das escolas do país. Na região de Lisboa, por exemplo, um aluno do secundário que queira estudar Latim tem poucas opções. “Já há alguns anos que as pessoas sabem que Latim é no Camões”, diz Mário Paulo Martins, um dos dois professores que leccionam este ano lectivo a disciplina nesta escola» («Latim: a remar contra a maré», Catarina Espírito Santo, Público, 1.04.2015, p. 12).
O latim voltou a ser, graças à inépcia de quem nos governa, um conhecimento só ao alcance de uns quantos. No privado, como ficámos a saber por este trabalho do Público, não param: «Algumas escolas privadas, como o Colégio de São Tomás, em Lisboa, ou o Rainha Santa Isabel, em Coimbra, introduziram já há vários anos o Latim e a Cultura Clássica a partir do 5.º ano. Outras há que tinham essa tradição, mas perderam o ensino do Latim, como o Colégio de S. João de Brito ou os Maristas. Susana Marta Pereira é professora na St. Peter’s School, em Palmela, onde o Latim foi recentemente tornado disciplina obrigatória, para já do 5.º ao 7.º ano.»
O Ministério da Educação, ficámos também a saber, está a estudar, sabe Deus durante quantos anos, o reforço do ensino do Latim e da Cultura Clássica no ensino básico e secundário. Uma das medidas tem de ser não apenas permitir, mas até incentivar que os alunos da área de ciências e tecnologias do ensino secundário possam aprender Latim. Entretanto, já passaram quatro anos desde que a UNESCO recomendou aos países com línguas de origem latina que ensinem o Latim nas escolas. Estamos à espera de quê?
[Texto 5705]