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Linguagista

Ortografia: «acácia-austrália»

Hífen caprichoso

 

      «É um biocarvão 100 por cento ecológico, com duas utilizações, e que sai de uma fábrica que usa como matéria-prima madeiras de infestantes das florestas, como a acácia austrália e a mimosa. Entram as madeiras, sai biocarvão amigo do ambiente, sem fumos, nem gases tóxicos que contaminem os alimentos, e que também funciona como um reestruturador de solos agrícolas e florestais» («Em Oliveira de Azeméis, faz-se carvão que não deita fumo e é íman na terra», Sara Dias Oliveira, Público, 5.04.2015, p. 18).

      Quanto à nomenclatura científica, o Público tem dias. Melhor será escrever acácia-austrália (Acacia melanoxylon).

 

[Texto 5731]

Léxico: «biocarvão»

Fogo sem fumo

 

      «A embalagem do biocarvão [Biopower e Ecochar] produzido na Ibero Massa Florestal, em Oliveira de Azeméis, resume com desenhos e palavras-chave as potencialidades do produto: isento de chama, sem fumo, sem gases tóxicos, elevado poder calorífico. A empresa nasceu há cerca de quatro anos com o propósito específico de criar tecnologia do zero, preencher uma lacuna no mercado, travar as importações e criar um carvão 100% ecológico, único na Península Ibérica e raro no mundo» («Em Oliveira de Azeméis, faz-se carvão que não deita fumo e é íman na terra», Sara Dias Oliveira, Público, 5.04.2015, p. 18).

   O elemento bio- é, pelo menos na última década, um dos mais produtivos (em todos os sentidos...) no processo de recomposição em português, contribuindo para a ampliação lexical que se tem verificado. Sobre este elemento, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora limita-se a dizer que é o «elemento de formação que exprime a ideia de vida». Não chega.

 

[Texto 5730] 

Léxico: «aspargo»

Até melhor

 

      «Era uma reacção clínica de 
oito meses sem vir a Portugal, fruto de um exílio em solo britânico, onde o clima é pouco consentâneo com a variedade alimentar. Há uns anos, a BBC perguntou a alguns especialistas qual seria o verdadeiro vegetal nacional. A resposta andou entre as ervilhas, os aspargos, a couve-flor, o repolho, as batatas e,
 numa surpreendente capitulação transfronteiriça, os alhos-franceses e as couves-de-bruxelas» («Portugal tem gosto e isso pode deixar-nos ricos», Ricardo Garcia, Público, 5.04.2015, p. 13).

      É variante de «espargo», e mais próxima do étimo, aspargus. Como sucedeu com muitos outros vocábulos, o a pretónico inicial converteu-se em e. Ainda não desapareceu, felizmente, dos dicionários. Mas depois só temos esparregar e não *asparregar. Em castelhano e em galego, não nos esqueçamos, também é espárrago; em catalão, espàrrec. Em várias línguas europeias, começa por a.

 

[Texto 5729]

«Doem-me as costas»

The Complete Course for Beginners

 

      «O Dói-me as Costas (doimeascostas.pt) é uma iniciativa da Sociedade Portuguesa de Reumatologia em parceria com a Associação Nacional de Espondilite Anquilosante e o site foi reformulado nesta semana, para dar respostas mais interactivas aos visitantes» («Especialistas criam site Dói-me as Costas para melhorar diagnóstico», Romana Borja-Santos, Público, 5.04.2015, p. 12).

      Parcerias com revisores é que nunca há. O nome da iniciativa está errado: onde está a concordância? Dói-me a cabeça, mas Doem-me as costas. Talvez queiram aprender por um livrinho para anglófonos: «doem-me as costas (as costas means ‘back’ (pl), so the verb doer is in the plural)» (Colloquial Portuguese. The Complete Course for Beginners, João Sampaio e Barbara McIntyre. Nova Iorque: Routledge, 2002, p. 265).

  

[Texto 5728]