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Linguagista

Um «fato» brasílico

Péssimo caminho

 

      Sabiam que há um conversor de numeração romana na Internet? Tinha de haver, não é assim? Escrevemos, por exemplo, MDCCCXXXIII e surge 1833; ou escrevemos 1833 e surge MDCCCXXXIII. No fundo, já não é necessário saber nada nem estudar coisíssima nenhuma. As nossas criancinhas estão a salvo.

      E agora, algo completamente diferente. Hoje, apareceu-me esta frase para rever: «Os fatos devem provar a bondade das palavras.» Gralhas, bem sei, há-as em todo o lado, mas o que isto revela é que vai havendo certa insensibilidade, quase torpor, para a ortografia. Para quem lida diariamente com as duas normas ortográficas, as formas inadequadas, erradas, já não fazem disparar alarmes.

 

[Texto 5737]

Sobre «míope»

Mau caminho

 

      A propósito de «biopsia», escrevia D’Silvas Filho no Ciberdúvidas, em 1999: «É um fenómeno semelhante ao que se passa com termóstato, grafia correcta, que se transformou em ‘termostato’ entre os técnicos; é igualmente um fenómeno semelhante ao azimute, que já ninguém pronuncia ¦zí¦ e ao míope que ninguém diz ¦mió¦… Enquadra-se na polémica entre Cleópatra e ‘Cleopatra’, entre Heraclito e ‘Heráclito’... Deixa alguma dúvidas sobre a indispensabilidade de acentuação das proparoxítonas.»

      Em relação a «míope» (mí•o•pe), que é esdrúxula, é mesmo verdade: ninguém, que eu conheça, a pronuncia como tal. Como também acontece, já aqui falámos disso, com «fêmea». E deve, por isso, passar a figurar nos dicionários como «míope/miope», como também já se vê com «termóstato/termostato», «biopsia/biópsia» e outras? Claro que não! Alguém está a falhar na transmissão destes conhecimentos elementares.

 

[Texto 5736]