Mais um pontapé
Voltei, por iniciativa própria, aos Pontapés na Gramática, na Antena 3, onde julga pontificar Sandra Duarte Tavares. O que eu ando a perder! Não é preciso escolher, pode ser o programa de 23 de Julho de 2014. Vamos à conclusão, para abreviar: «Portanto, “amaríssimo” é o superlativo de “amargo” e a forma, que seria a regra geral, “amarguíssimo” nunca ficou atestada na língua.»
Não foi na universidade nem ontem; na escola primária, aprendi que o adjectivo «amargo» tem duplo superlativo absoluto sintético, amaríssimo e amarguíssimo. O primeiro erudito, proveniente do latim, o segundo de génese popular. E as gramáticas actuais abundam na opinião. Portanto, anda a propinar impunemente más lições de português.
«E, conquanto nem parecesse ele reparar neste seu servo, concentrado como estava na sordidez e na desordem, como amarguíssimo veneno que me corroía, em convulsivas maldições prorrompi, contra sua natureza e as criaturas de tal arte» (O Anel de Basalto e Outras Narrativas, Mário Cláudio).
[Texto 5746]