Pior título do dia
Há-de ser este
«Há “factos” para impedir venda dos Miró, diz PGR» (Francisco Alves Rito, Público, 11.04.2015, p. 26).
[Texto 5751]
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Há-de ser este
«Há “factos” para impedir venda dos Miró, diz PGR» (Francisco Alves Rito, Público, 11.04.2015, p. 26).
[Texto 5751]
Pois, mas não
Na emissão de 23 de Março deste ano do programa Pontapés na Gramática, na Antena 3, com Sandra Duarte Tavares, o tema tratado foi o uso de «mais bem»/«melhor». «“Melhor equipado” nem pensar, nem pensar», começou por afirmar. «E a regra é muito simples, prezados ouvintes: sempre que o advérbio “bem” está junto de verbos, é possível termos a forma “melhor” para formar o grau comparativo e superlativo — “Estou bem”, “Estou melhor” —, mas “equipado” é um adjectivo, assim como “disposto”. Na presença dos nossos prezados ouvintes, ainda que se trate de uma presença não física, nós estamos mais bem-dispostas com os nossos ouvintes. “Mais bem-dispostas”, não dizemos “melhor dispostas”. Do mesmo modo, devemos dizer “mais bem equipado”. Porquê? Junto de adjectivos, o advérbio “bem” não usa a forma irregular “melhor”, mas sim a forma regular “mais bem”. “Mais bem-disposto”, “mais bem classificado”...»
Não é bem assim. Nunca é, pois não? A frase em causa era esta: «Melhor equipado só com mordomo incluído.» Para começar: que é isso de forma regular e forma irregular? Então não é forma analítica (mais bem) e forma sintética (melhor) que sempre se disse? Não estará a confundir com os particípios dos verbos abundantes?
Aprendamos com quem sabe: «MAIS BEM E MELHOR. Quando bem não é parte integrante de adjectivo composto, pode usar-se indiferentemente mais bem ou melhor antes de particípio passado» (Estudos Vernáculos, vol. 1, Vasco Botelho de Amaral. Lisboa: Editora Educação Nacional, 1938, p. 39). Assim, tão correcta é a frase «melhor equipado só com mordomo incluído» como «mais bem equipado só com mordomo incluído». Evidentemente, nos casos em que aparece grafado com hífen — bem-aventurado, bem-disposto, bem-educado, bem-intencionado, bem-nascido, bem-vindo, bem-sucedido, etc. —, não pode ser senão «mais bem». Já a pensar em falantes pouco fortes de cabeça, algum gramático (talvez ele próprio fraco de cabeça) começou a propalar que, tirando este último caso (que, contudo, nem toda a gente sabe depois usar), se devia empregar sempre mais bem antes de particípios, porque é, das duas formas, a única que nunca sofre restrição.
[Texto 5750]