«Desbotar/debotar»
Que dicionários de referência?
«O verbo debotar, sem o s, não está atestado nos nossos dicionários de referência. Enfim, é o típico conflito norma/força do uso. Muitos falantes dizem “debotar”. Possivelmente é mais prático: debotar, debotar, debotar. […] Atenção, nós fazemos esta ressalva porque há um ou outro dicionário que considera dupla grafia, mas o verbo vernáculo, que deve ser usado conforme a norma, a tradição normativa recomenda efectivamente desbotar» (Sandra Duarte Tavares, Pontapés na Gramática, Antena 3, 8.04.2015).
Mas que dicionários de referência, afinal? Não o disse. Ora, Leite de Vasconcelos, Magnus Bergström e Neves Reis, José Pedro Machado, Rebelo Gonçalves, o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, o Dicionário Houaiss, a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, o Ciberdúvidas, todos reconhecem que são ambas formas admissíveis. No Brasil, ainda que não se use, está nos quatro principais dicionários: Houaiss, Aulete, Aurélio e Michaelis, além do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Vasco Botelho de Amaral, num ponto afirmou que «a forma desbotar é melhor do que debotar», e noutro apenas disse que tinha dúvidas. Mas também escreveu: «Há filólogos que consideram desbotar forma pouco recomendável; e um etimólogo disse que o prefixo seria desnecessário, desde que se aceite o sentido de desmaiar.»
[Texto 5757]