Ortografia: «sem-vergonha»
Não me digam
«Ao acompanhar a sua saída de casa, um dos agentes que iam com Rato faz o gesto familiar de proteger a nuca do detido quando este entra no carro. “Sem vergonha”, ouve-se vindo de quem assiste. A polícia levou a cabo buscas na casa e agentes saíram com caixas de documentos pouco depois de o próprio Rato ser levado» («Ex-director-geral do FMI Rodrigo Rato detido em Madrid», Público, 17.01.2015, p. 52).
O plumitivo implume queria escrever «sem-vergonha», mas teve receio que isso fosse coisa do AO90. Sem hífen, pode ser outra a interpretação. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora diz-nos que «sem-vergonha» é brasileirismo. (E já sabem, prezados leitores, tão correcto é desavergonhado como desenvergonhado.) Outro verbete para reverem. Quanto ao gesto do polícia, que a imprensa espanhola também realça, é um pormenor totalmente irrelevante: quando o detido está algemado, como era o caso, o agente policial tem instruções para o ajudar a entrar na viatura policial.
[Texto 5766]