Tirada do pó
«Aqui [Luvaria Ulisses], o procedimento é sempre o mesmo: depois de aferir “o tamanho da chave da mão” do cliente (ou medida, para os leigos) Carlos vai buscar alguns modelos. E prossegue o ritual. Primeiro, prepara a luva com um abridor, enfiando-o em cada dedo. Depois, polvilha um pouco de pó de talco no interior, e só então calça a luva ao cliente, que tem o cotovelo confortavelmente apoiado num almofada, em cima do balcão» («Aqui quase só entram turistas», Carla Amaro, Sábado, 16.04.2015, p. 68).
É expressão que estava nos dicionários mais antigos, como no de Fr. Domingos Vieira: «Chave da mão, o espaço que há entre o polegar e o índex, ou da raiz do dedo polegar até o dedo mínimo, espaço em que os dedos da mão fechada fazem força.»
Sobre «pó de talco», ocorre-me isto: no «Vocabulário de Mudança», do ILTEC, diz-se que na «ortografia antiga» se escrevia «pó-de-talco» e na «ortografia nova» se escreve «pó de talco». Isto não é verdade. Por comparação com «pó-de-arroz», por exemplo, há quem tenha começado a usar hífenes na expressão, mas sem razão, pois não se trata de uma unidade semântica — é mesmo talco em pó, pó de talco.
[Texto 5767]