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Linguagista

«Benjamim», de novo

Ainda melhor

 

    Aqui, vimos que o vocábulo «benjamim» (Benjamim = filho de Jamim) se pode usar ora como substantivo, ora como adjectivo, e referido tanto a filha como a filho. Ora vejam em castelhano: «La benjamina de los Alba desmiente el alejamiento de su hermano mayor [Carlos Fitz-James Stuart]: “Siempre ha cuidado de mí y de mi hija”, dice» («Los Alba, Semana Santa sin Cayetana», Semana, 15.04.2015, p. 12).

 

[Texto 5776]

Latinismos

Como se pluralizam

 

      aqui falei do plural do latinismo habitat. Vejamos como trata a questão a Real Academia Espanhola. Embora tradicionalmente sempre tenha recomendado que se mantivessem invariáveis, perante o uso diferente acabou por aceitar que, para alguns, não fosse assim. Desta maneira, há os que fazem o plural em -s, em -es ou ficam invariáveis, o que depende das suas características formais. Para hábitat, por exemplo, como para déficit, é simples: basta acrescentar um s: hábitats, déficits. Ítem faz plural em ítems; vademécum em vademécums; ratio em ratios, etc. Só ficam invariáveis latinismos terminados em -r que procedem de formas verbais: cónfer, confíteor, exequátor, etc. Atenção, porém: todos foram acastelhanados; no nosso caso, nem sempre os afeiçoámos à nossa língua.

 

[Texto 5775]

Aportuguesamentos estranhos

E é pena

 

      «La viuda [de Robin Williams] reclama el esmoquin que él usó para casarse y los regalos de boda» («Robin Williams, continúan los problemas de su herencia», Semana, 15.04.2015, p. 59).

    Fomos por outro, e pior, caminho e por isso temos horrores como o semiaportuguesamento «stresse», entre outros. Neste caso, só temos smoking... Como apenas temos (para quem acha imprescindível) slogan, quando eles têm eslogan. Vá lá, temos snob e snobe, mas eles preferem, e bem, ter o e no início, esnob. Podíamos ainda acrescentar outros, como escáner, eslalon, estándar, estrés, etc.

 

[Texto 5774]

Acordo Ortográfico

As mentiras de um acordo

 

      O jornal Público pergunta hoje, em editorial, para que serviu o novo acordo ortográfico. É desse editorial que extraí os dois parágrafos que se seguem.

      «Pretendia-se pôr fim a uma “deriva ortográfica”, mas
 no lugar onde havia duas ortografias de base geográfica bem determinada (a luso-africana e a brasileira) existem agora três ortografias, as anteriores e a do acordo, que conseguiu até o prodígio de tornar diferentes mais de meio milhar de palavras que em Portugal e no Brasil se escreviam da mesma maneira; além disso, com a admissão de duplas grafias e facultatividades perdeu-se a noção de ortografia, não sendo possível, em exames, alunos e professores entenderem-se quanto às normas. Se ortografia “à vontade do escrevente” é admissível, a ortografia acabou. E qualquer acordo será inútil.

      Por outro lado, havia a miragem dos mercados. O Governo de Sócrates, ao longo da sua existência, recorreu a dois estratagemas para acelerar o acordo: aprovou, logo em 2005, o 2.º Protocolo Modificativo do AO para que pudesse ser aplicado só com a ratificação de três países, dispensando o apoio dos restantes signatários do tratado original; e, em 2011, já de saída do poder, antecipou 
em vários anos a sua aplicação no Estado (para Janeiro de 2012) e nas escolas (no ano lectivo de 2011/2012). Esta “pressa” tinha por objectivo selar um acordo político entre Portugal e o Brasil, dispensando o resto. Mas os que, dali, esperavam benefícios rápidos esmoreceram. Não existe hoje um mercado “comum” de edições, como falsamente se propagandeou. E a confusão de grafias com as novas regras só tem estimulado a “deriva” que se criticava, multiplicando os erros.»

 

[Texto 5773]