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Linguagista

O AOLP90, de novo

Como estávamos a dizer

 

      «De facto, se
 se escreve como se fala, qual o problema de escangalhar a expressão escrita?
 Mais: não é pedagógico aceitar-se que
 haja dualidade de grafia em situações como “Português” (disciplina escolar e etnónimo) e “português” (língua). E que dizer da generalização de minúsculas
 em lexemas que designam povos, dias
 da semana, estações do ano?» («O Acordo Ortográfico: rejeitar o abuso», António Carlos Cortez, Público, 7.05.2015, p. 47).

    Quanto aos nomes que designam povos, eu até pensava que era o único português que sabia que é com maiúsculas. No que respeita aos dias da semana, há-de ser confusão ou lapso (e não o único) de António Carlos Cortez, serão antes os nomes dos meses e das estações do ano. Já no que toca à grafia de cursos e disciplinas, confesso que nem percebo a argumentação. Sei é que quem segue o novo acordo ortográfico devia compreender a utilidade da distinção e lembrar-se (para os que leram o texto do acordo, uma minoria) de que se trata de uma regra opcional.

 

[Texto 5829]

Se tivessem revisão...

«Chamado de»... pois

 

      «Como em todas as campanhas, não faltaram os casos polémicos — como o do candidato do UKIP que foi expulso depois de dizer que iria “dar um tiro” no rival conservador de origem asiática caso este algum dia chegasse a primeiro-ministro. Ou as pequenas gaffes como a de Cameron, que se esqueceu do nome da sua equipa de futebol favorita ou a do líder dos trabalhistas, que agora é chamado de “Moisés” Miliband por ter gravado as suas promessas eleitorais numa laje de pedra» («Cameron? Miliband? UKIP? Clegg? Europa?», editorial, Público, 7.05.2015, p. 44).

 

[Texto 5828]

Ai, estes professores...

Grandes equívocos

 

      Fiquei de cabelos em pé, ontem, quando a criancinha veio dizer — interrogo-a sempre exaustivamente — que tinha aprendido o que era o «camp lexical». Repete lá isso. «Camp lexical.» E foi isso que a professora escreveu no quadro? «Não, papá, mas foi o que disse sempre.» Pronto, mais uma engolidora de sílabas. Expliquei-lhe que em catalão é que se diz camp lexical.

 

[Texto 5827]

Um estranho milho

Quer dizer que as broas...?

 

    «Em dez anos, houve 1931 notificações de agricultores que declararam a intenção de semear o chamado “milho-Bt” — modificado artificialmente para produzir um insecticida contra a praga da broca. Em 81% dos casos, a área cultivada foi inferior a 50 hectares. E em praticamente duas em cada quatro plantações (37%) o valor não chegou a dez hectares. Apenas 5% superaram os 100 hectares, numa década de milho-Bt em Portugal. A maior foi de 256 hectares, num empreendimento agrícola em Alvalade, Santiago do Cacém, em 2014» («Mapa desvenda o perfil do cultivo de transgénicos em Portugal», Ricardo Garcia, Público, 7.05.2015, p. 17).

      Estará bem escrito daquela forma, «milho-Bt»? Compreende-se que não é muito prático dizer ou escrever «milho obtido por transformação genética com genes da bactéria Bacillus thuringiensis», isso decerto. Bt por Bacillus thuringiensis está bem, nem é caso único. Mas estará bem usar-se neste caso o hífen? Não me parece. (E aquela acepção de broca não está no Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Mais um verbete perdido.)

 

[Texto 5826]

Como se escreve por aí

Era tão fácil evitar

 

      «Pode surgir por volta dos três anos e prolongar-se ao longo da adolescência ou mesmo da vida.» Não interessa do que se trata. Interessa e muito é chamar a atenção para aquele deselegante «prolongar-se ao longo».

 

[Texto 5825]

Como se escreve nos jornais

Evite-se

 

      «Chocante como político,
 porque é de um confrangedor amadorismo. Costa nada tinha a ganhar com aquele sms, para além de um momentâneo alívio biliar, e se o seu conteúdo fosse revelado publicamente — como foi — trar-lhe-ia evidentes prejuízos. Não só
 a sua reacção é completamente desproporcionada tendo em
 conta o teor do artigo de João Vieira Pereira, como o modo de procedimento é escandalosamente próximo do do “animal feroz”,
 do qual António Costa, se quer
 ser primeiro-ministro, deveria fugir a sete pés» («António Costa, o sms e os jornalistas», João Miguel Tavares, Público, 7.05.2015, p. 48).

      Não é dodó, o nome da grande ave palmípede, já extinta, das ilhas Maurícias, que se escreve? Estou a brincar. É uma redacção malsoante e evitanda (sem chegar a ser nefanda...). E a sigla não é SMS que se escreve? E aquele «o modo de procedimento» também não me soa.

 

[Texto 5824]