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Linguagista

Desconhece sinónimos

E não relê, coitado

 

   «São acções essenciais para reduzir a pobreza, aumentar os rendimentos e assegurar a segurança alimentar de muitas pessoas que vivem em zonas rurais e urbanas.» Como é que um jornalista experiente ainda escreve «assegurar a segurança»? Faz-me espécie. (Não queria estar na cabeça dele.)

 

[Texto 5839]

Citadino e/ou pouco lido?

Ou campainhas

 

     Ao longe, escreve o autor, «ouvem-se os sinos dos rebanhos na encosta». Parecem sinos, são chocalhos: «As suas ovelhas compreendiam-no. Ele falava e elas respondiam que sim, ou que não, abanando as cabeças e os chocalhos que pareciam sinos» (O Mar do Búzio, Teresa Mello. Braga: Livraria Cruz, 1967, p. 140).

 

[Texto 5838]

«Aparte/à parte»

Então imita bem

 

   «A política sempre foi um subgénero do teatro e de literatura. O orador típico, como por exemplo Churchill, escrevia primeiro os seus discursos, que depois decorava e só a seguir “dizia” na Câmara dos Comuns. Mesmo quando se tratava de
 um “à parte”, a ocasião e as palavras não eram deixadas à inspiração do momento; eram ensaiadas, pensadas, muitas
 vezes combinadas» («Um diletante», Vasco Pulido Valente, Público, 10.05.2015, p. 55).

   Será possível, santo Deus, que Vasco Pulido Valente confunda o substantivo aparte com a locução adverbial à parte? Se não confunde, imita na perfeição quem confunde.

 

[Texto 5837]

Sobre «lux»

Confusão à vista

 

      «A equipa da universidade australiana que descobriu este efeito está agora a desenvolver um novo trabalho, a partir do qual já concluiu que, para que haja um efeito protector da luz solar na saúde dos nossos olhos, será preciso passar pelo menos três horas por dia com mais de 10 mil lux (unidade de medida para a luz) de iluminação» («Miopia, uma epidemia global, cresce entre os mais jovens por causa da falta de sol», Samuel Silva, Público, 10.05.2015, p. 14).

      Alguns dicionários indicam que o plural de lux é (ou também é) luxes. Será assim? Os símbolos, de acordo com o Sistema Internacional (SI), sim, são invariáveis — do que muita gente se esquece —, mas não «les noms des unités sont […] considérés comme des noms ordinaires» (BIPM). Assim, o problema não é o que o SI estabelece, mas as regras da nossa língua. Afirmar-se, como vejo em certas obras, que os substantivos terminados em x formam o plural mudando esta consoante em ces ou acrescentando es, e depois exemplificam com córtex ou índex, por exemplo, não me parece correcto. O plural de córtex é córtex; córtices é o plural de córtice. Assim como o plural de índex é índex; índices é o plural de índice. Estão a confundir plurais de variantes.

 

[Texto 5836]