Linguagista

Nem temos pena

      «Os agressores saberão 
o que estão a fazer: sempre que alguém passa param de bater. Esperariam um momento de heroicismo digital? Se foi esse o plano, não correu bem: a vítima está a ter mensagens de solidariedade de todo o país e os agressores vão provavelmente a tribunal. O feitiço virou-se contra o feiticeiro» («O feitiço virou-se contra o feiticeiro», editorial, Público, 14.05.2015, p. 44).

      Não é a primeira vez que a vejo, é verdade, mas não está, tanto quanto sei, em nenhum dicionário da língua portuguesa. E não temos de o lamentar, afinal contamos com heroísmo e heroicidade, por exemplo.

[Texto 5847]

É difícil perceber?

      «Eu sei o que António Costa deveria fazer para captar o meu voto e de outros liberais como
 eu — criticar o governo pelo que fez de menos, em vez de o criticar por aquilo que fez de mais. Mas se António Costa se esforçasse imenso para captar o meu voto, iria perder a sua esquerda para o vasto cardápio de esquerdazinhas anti-austeridade que se formaram entretanto» («O partido flutuante», João Miguel Tavares, Público, 14.05.2015, p. 48).

      Quando é que os jornalistas aprendem de uma vez por todas que o elemento de formação anti- apenas se liga por hífen ao elemento seguinte quando este começa por h, i, r ou s, quando?

[Texto 5846]

Vai daí, passou-se

      «Se pensarmos bem, esta é a melhor justificação para o tonto sms que ele enviou a João Vieira Pereira: ali estava um jornalista a acusá-lo de falta de coragem, quando ele tinha acabado de dar a cara por um documento claramente à direita do seu discurso habitual e do eleitorado interno que o elegeu. Vai daí, passou-se» («O partido flutuante», João Miguel Tavares, Público, 14.05.2015, p. 48).

      Quando é que os jornalistas aprendem de uma vez por todas que a sigla se escreve com maiúsculas, SMS, quando? Olha se a moda pega: eua, onu, psp, pj, sos, ue... O escritor das letras pequenas ia gostar.

[Texto 5845]