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Linguagista

Como se fala na rádio

Perfeitamente

 

    A arma do sargento homicida da Luamel... Esperem, falta aqui qualquer coisa... Ah, sim: do alegado homicida, era, não apenas legal, mas, segundo os últimos noticiários da Antena 1, «perfeitamente legal».

 

[Texto 5878]

«Colete salva-vidas/de salvação»

Encosto

 

      «Dois dos tripulantes conseguiram entrar para a balsa salva-vidas e foram resgatados pelo navio mercante Yuan Fu Star, de Hong Kong, tendo o veleiro naufragado durante a operação. Os outros dois saltaram para a água com os coletes salva-vidas vestidos e estiveram desaparecidos durante cerca de duas horas» («Morreu um dos náfragos resgatados ao largo dos Açores», Público, 8.05.2015, p. 19).

   Colete salva-vidas. Ia jurar que nunca ouvi outra coisa, mas o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora só regista «colete de salvação». Deve ser para se encostar ao francês gilet de sauvetage.

 

[Texto 5877]

Tradução: «scie sauteuse»

Em que se fala de serras

 

      Uma dúvida. No original, fala-se numa scie sauteuse. Para o tradutor, é uma «serra de vaivém», que é precisamente o que se lê no Dicionário de Francês-Português da Porto Editora, no verbete «scie», em que aparecem onze tipos de serras. Do Dicionário de Português-Francês, no verbete «serra», com vinte e dois tipos de serras, não consta a scie sauteuse. Ora, eu traduziria por «serra de recortes ou tico-tico», pois julgo que a serra de vaivém apenas se usa na indústria madeireira. Mesmo que a de recortes seja semelhante, excepto no tamanho, à de vaivém, não seria mais acertado distingui-las, atribuindo-lhes nomes diferentes?

 

[Texto 5875]

Não sabem da poda

Larga o microfone

 

      No início da semana, um funcionário da Câmara Municipal do Porto morreu num acidente na poda de árvores. O repórter Emanuel Boavista, da RTP, foi ao local falar com uma testemunha, que disse que viu «quando a grua se partiu mortalmente e ele levou com o hidráulico em cima e teve morte fatal». Agora é assim, nada filtrado, tudo em bruto e à bruta, com erros e parvoíces. Ou seja, também estes, os jornalistas, não sabem da poda.

 

[Texto 5874]

Revisores? Não pode ser

Larga o gato

 

      «O Diogo largou um gato da varanda do seu quarto a 5 m do solo.» «Esta questão faz parte de um livro de exercícios elaborado para a editora Areal pelos quatro autores que lhe costumam fazer os manuais de Físico-Química do 3.º ciclo. O livro, chamado Zoom, foi distribuído a professores da disciplina para que o avaliassem» («Livro escolar tem exercício em que um rapaz larga um gato da varanda», Clara Viana, Público, 22.05.2015, p. 12). E porque não com um bebé recém-nascido? Que têm os autores na cabeça? «A sua comercialização estava prevista para Agosto e provavelmente o exercício do gato continuaria a figurar na página 30 se não fosse o alerta entretanto gerado. “O livro foi revisto por três pessoas e ninguém se apercebeu da situação”, justificou Diogo Santos [um dos responsáveis da editora].» Por onde se prova que nem todos os que revêem* são revisores.

 

[Texto 5873]

 

 

      * Escreve-me um leitor: «Um caso interessante: outra noite de sexta para sábado, creio, pela meia-noite, na Ronda da Noite, Antena 2 da rádio, mais um programa da série sobre a edição última de Vieira, a editora às tantas diz que o nosso homem “reveu” ele próprio certos textos...»