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Linguagista

«Luxo» e «luxúria»

À procura do elo nunca perdido

 

    Joana Dias dá o mote: «Há palavras que parecem muito, muito parecidas [sic], mas que depois nos enganam, porque não são da mesma família. Imagina este exemplo: luxo e luxúria. São palavras que à partida tu dizias: “Ah, elas estão casadinhas uma com a outra, não é?” Mas há aqui um senão...» «De todo, completamente», responde Sandra Duarte Tavares. «É uma pura coincidência começaram com as mesmas letras, não é?, o l, o u e o x. Coincidência pura, coincidência pura. […] Não tem qualquer elo semântico» (Sandra Duarte Tavares, Pontapés na Gramática, Antena 3, 26.05.2015).

    Coincidência... Até a provável raiz indo-europeia — para quê ir mais para trás, não é? — é a mesma, leug-, que expressa a ideia de partir, deslocar, porque tanto o luxo como a luxúria estão deslocados do que é comum, do que é normal.

 

[Texto 5937]

Mascate e não Muscat

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      «A missão do Solar Impulse 2 começou a 9 de Março, quando partiu de Abu Dabi (Emirados Árabes Unidos). Ao longo de mês e meio de viagem, seguiram-se uma paragem em Muscat (Omã), duas na Índia (respectivamente em Ahmedabad e Varanasi), uma em Mandalay (Birmânia) — e por último, já em território chinês, uma em Chongqing» («Avião solar foi obrigado a aterrar no Japão e não seguiu para o Havai», Ana Gerschenfeld, Público, 2.06.2015, p. 25).

   Ana Gerschenfeld, a capital de Omã deixou de ser Mascate? Deixe lá os Ingleses dizerem Muscat e Oman. E diga à directora que tem de contratar revisores.

 

[Texto 5936]

Pés-de-galinha e pés de galinha

Uma esperança vã

 

      Como se não bastasse a incoerência do texto do Acordo Ortográfico de 1990, os intérpretes das suas regras não sabem distinguir casos diferentes. Sandra Duarte Tavares, na emissão de 27 de Maio dos Pontapés na Gramática, na Antena 3, lá veio ensinar os «prezados ouvintes» que, segundo o «acordo vigente», devem escrever «pé de galinha», a ruga no canto do olho, sem hífenes, reservando «pé-de-galinha» para o nome botânico. Sobre este último não há dúvidas (embora a sua aplicação deixe muito a desejar), mas temos mais dois sentidos, um denotativo e outro conotativo. Que fazemos? Confundimo-los? D’Silvas Filho já chamou a atenção para esta incoerência (exemplificando com pé de galinha, mas saco-roto) e sugeriu que se podia ultrapassar se o intérprete se deixasse de ortodoxias cegas.

 

[Texto 5935]