«Bóer/bur»
A consagrada pelo uso
«Chegaram às Caldas da Rainha num comboio de oito carruagens e vagões com carga, guardados por 25 homens da 16.ª Companhia de Infantaria. Eram 350 refugiados bóeres, homens, mulheres e crianças, a fugir de uma guerra a 8600 quilómetros. A paz seria assinada no ano seguinte, em 31 de Maio de 1902. […] Viva os Bóeres! resultou da tese de doutoramento de Ockert Ferreira, o historiador sul-africano que se apaixonou por Portugal desde que, em 1970, visitou o país pela primeira vez para investigar o seu antepassado Ignácio Ferreira (1695-1772), o qual nasceu em Lisboa» («Bóeres. Dois anos de refúgio em Portugal», Carlos Cipriano, Público, 3.06.2015, p. 14).
Na verdade, o título do livro de Ockert Ferreira é Viva os boers!, tão errado como o do jornalista. Quanto a bóer, o Vocabulário Ortográfico Português, do ILTEC, regista bóer/bóeres, ao passo que o Prontuário Ortográfico e Guia da Língua Portuguesa de Magnus Bergström e Neves Reis (50.ª edição da Casa das Letras, 2011, p. 370) nos diz que é bóer/boéres. Já José Leite de Vasconcelos, porém, dissera que a grafia correcta era bur/bures. Rebelo Gonçalves também afirma que bóer é a forma consagrada pelo uso, mas que o correcto, que não regista em verbete, seria bur. José Pedro Machado, que acolhe ambas, anota: «A fonética holandesa aconselha a articulação bur; a mais usual, porém, é: bó-er ou, mais vulgarmente, bu-ér.»
[Texto 5938]