Tresvaliemos então
«E, na mesma semana e sem nexo, continuei a ler The Zhivago Affair, de Peter Finn e Petra Couvée, a muito interessante história do livro de Pasternak e do papel que a CIA e o KGB tiveram quer na sua publicação, quer na sua repressão. É uma leitura mais conservadora, neste meu “tresvaliando”, visto que se espera que quem escreve sobre o comunismo leia este tipo de livros, tornados ainda mais interessantes pelo acesso a arquivos até agora fechados. Mas eu tinha tido um bloqueio pasternakiano (se é que isto se pode dizer) porque o filme de David Lean sempre me pareceu demasiado meli-melo para [sic] meu gosto. Mas, num certo sentido, isso era fiel à intenção do autor, e talvez o deva ver de novo. Os olhos mudam» («Tresvaliando», José Pacheco Pereira, Público, 13.06.2015, p. 44).
E porque não poderia dizê-lo? Pode pois, e há décadas que outros o disseram. E não é méli-mélo, termo francês, que se escreve? Há dias, no Telejornal (9.06.2015, RTP1), foi Rogério Alves, ex-bastonário da Ordem dos Advogados, que, depois de qualificar certa estratégia de defesa (serem os próprios acusados a «libertar» informação, nas palavras do jornalista-escritor J. R. dos Santos, que também disse — pobres telespectadores! — «políticos sobre escrutínio») como «meio haraquírica», acrescentou «se me é permitido o neologismo».
[Texto 5971]