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Linguagista

Léxico: «magnório»

Mas pode não ser o mesmo

 

      «Sabem como se diz nêspera no Porto? Magnório.» É Anabela Mota Ribeiro que o diz aos entrevistados Bruno Nogueira, Filipe Melo e Nuno Markl a propósito do programa Uma Nêspera no Cu («2»/Público, 14.06.2015, p. 24). (Vi uns minutos do episódio 8 e o que digo é que há muito que não me ria tanto.) Sim, magnório ou magnólio. Eu disse «sim»? Na verdade, há quem afirme que não se trata exactamente do mesmo fruto, mas, como não temos nenhum botânico à mão, provisoriamente é assim. O Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora regista estas duas variantes, regionalismos, mas com certeza que não foi o critério da generalidade que pesou. Não encontramos migrada, por exemplo, naquele dicionário. A não ser... Claro: estes regionalismos têm quase sempre variantes. No caso, o dicionário regista pelo menos milgrada e miligrã, mas há outras.

 

[Texto 5975]

O aposto e a pontuação

Gramática no Gambrinus

 

      «O Papa Francisco vê a terra [sic] dividida e subdividida, à beira
 de catástrofes localizadas, mas perigosas. O islão continua
 numa guerra civil, que dia a
dia se alarga e que as potências cuidadosamente ignoram. A África começa a ser penetrada pelo jihadismo mais feroz e as tribos do Afeganistão, do Iémen ou da Líbia estão muito longe de constituir nações. Putin pensa em anexar a Ucrânia. A Europa impotente e fragmentada assiste sem reagir» («O Papa e a guerra», Vasco Pulido Valente, Público, 14.06.2015, p. 56).

    Neste tipo de aposto, que pode ser suprimido sem prejuízo do significado geral da frase («A Europa assiste sem reagir»), é necessário usar vírgulas. «A Europa, impotente e fragmentada, assiste sem reagir.» Ou: «Impotente e fragmentada, a Europa assiste sem reagir.» Ou: «A Europa assiste sem reagir, impotente e fragmentada.» E, se o transformássemos numa oração relativa explicativa, continuava a ser aposto e a precisar de vírgulas: «A Europa, que está impotente e fragmentada, assiste sem reagir.» O aposto explicativo (o mesmo sucede com as orações parentéticas, como esta) é sempre pronunciado como um bloco prosódico independente, marcado pela entoação. Gostava, por isso, de ouvir Vasco Pulido Valente ler esta sua crónica. Podíamos combinar para o Gambrinus, mas não hoje, que estou na casa da Guia.

 

[Texto 5974]