«Atenazar = atanazar»
Apertar com tenaz
É o último texto que publico sobre esta obra; os leitores que a comprem e tentem separar o trigo do joio. (Uma ajudinha: o joio, parrudo, resistente, inflexível, não se dobra quando o vento o sacode.) Ao chegar à página 20, vemos, com crescente estupefacção, que Manuel Monteiro (Dicionário de Erros Frequentes da Língua. Queluz de Baixo: Soregra, 2015) quer que se diga e escreva apenas atenazar: «“Atenazar” será o correcto.» É inacreditável esta visão desfocada e empobrecedora do léxico da língua. Rebelo Gonçalves, no seu Vocabulário da Língua Portuguesa, regista atenazar e as variantes atanazar e atazanar (p. 127). Portanto, temos três formas legítimas: atenazar, mais conforme ao étimo; atanazar, com assimilação do e ao a; e atazanar, com metátese do z daquela segunda forma. Camilo, por exemplo, terá usado mais a variante atanazar do que qualquer outra. Aliás, ainda que o étimo seja «tenaz», esta é a variante mais usada. Vamos agora amputar a língua, privarmo-nos do melhor dela? Que pretende Manuel Monteiro?
[Texto 6001]