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Linguagista

Tradução: «cliff»

Será a melhor palavra?

 

      Um filho de Nick Cave, diz a imprensa, morreu depois de cair de um penhasco, na costa de Brigthon, Inglaterra. «The teenage boy was found on a coastal path at the foot of Ovingdean Gap in Brighton, East Sussex, at 6pm on Tuesday.» A palavra usada pela imprensa inglesa é cliff. Estará bem traduzida por «penhasco»? É que penhasco é a rocha que sobressai ao mar ou está levantado da terra. Não será antes, no caso, «escarpa» ou «arriba rochosa»?

 

[Texto 6058]

Aquilino e o outro acordo ortográfico

Não me surpreendia

 

     «[Aquilino, no discurso de posse de sócio efectivo da Academia das Ciências] Exaltou, como era de esperar, a língua portuguesa, “máscara fisionómica da nossa compreensão e o metal líquido em que vazamos os nossos pesares e emoções”, “o maior título de nobreza que um povo pode apresentar à barra da História”. Defendeu 
o Acordo Ortográfico com o Brasil. E, numa altura em que já se debatiam independências coloniais e se multiplicavam conflitos para a restituição da Índia aos indianos, Aquilino não hesitou em salientar que o património da língua portuguesa “não se compara em importância à melhor província ultramarina”» («Os vizinhos da sala n.º 3 de Santa Engrácia», António Valdemar, Público, 16.07.2015, p. 51).

    Ainda o leitor incauto (isto é, muitos) vai pensar que se trata do Acordo Ortográfico de 1990. Aquilino morreu em 1963.

 

[Texto 6057]

«Vácuo legal/vazio legal»

Voto pelo mais conhecido

 

      «Mas, afinal, quem tem a competência de retirar ou não um mandato de um eurodeputado do PE? Paulo de Almeida Sande — jurista, professor de Ciência Política da Universidade Católica e antigo director do gabinete do Parlamento Europeu em Portugal — admite que há “uma lacuna, um vácuo” legal e explica que a legislação europeia não prevê a perda de mandato em caso de mudança de partido e que a legislação nacional também não o prevê para eurodeputados do PE» («Ninguém é competente para retirar mandato 
a Marinho e Pinto», Maria João Lopes, Público, 16.07.2015, p. 13).

      Sim, por vezes — muito poucas em Portugal, bastantes mais no Brasil — lê-se «vácuo legal» em vez do mais vulgar «vazio legal». Se eu faria a emenda? Creio que não, apenas sugestão. Mas fi-la, certa vez, à expressão «travões e contrapesos». O autor não quis. «Já não se admitem sinónimos? Todos têm de usar as mesmas palavras?» O desejo da excentricidade persegue com mais insistência alguns de nós.

 

[Texto 6056]