Sobre «cólera»
É inadmissível
O poeta Alencar, já com os copos, garante que esborrachava Craveirote, que lhe fizera uns epigramas. «– Mas não quero, rapazes! Dentro daquele crânio só há excremento, vómito, pus, matéria verde, e se lho esborrachasse, porque lho esborrachava, rapazes, todo o miolo podre saía, empestava a cidade, tínhamos o cólera! Irra! Tínhamos a peste!» Assim escreveu Eça nos Maias, mas na edição dos Livros do Brasil não quiseram que ele se exprimissem desta forma. Ficou «a cólera». Ora, quando se trata da doença infecciosa, cólera é substantivo comum de dois, a cólera e o cólera. Devo dizer que, segundo alguns autores, porventura até a maioria, cólera é nome feminino em qualquer sentido, ira ou doença. Seja como for, é inadmissível esta intromissão no texto de um autor.
[Texto 6077]