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Linguagista

Isso é em quimbundo

É outro, com certeza

 

     «[Yami] Canta em português, mas também em kimbundu e umbundu, apaixonado pela fonética destas línguas angolanas» («“Não consigo fugir do meu lado étnico”, diz Yami [Aloelela], hoje mais pop», Nuno Pacheco, Público, 29.07.2015, p. 28).

    Ia dizer que é o Nuno Pacheco que aparece muito por aí, furibundo, a gritar contra o Acordo Ortográfico de 1990, mas não pode ser, evidentemente. Nunca Nuno Pacheco escreveria «kimbundu» sabendo que «quimbundo» é melhor, mais conforme à ortografia que defende, nem optaria por «umbundu» se soubesse que «umbundo» é preferível. É outro.

 

[Texto 6098]

Afinal, também «implementam»

Piratas da língua

 

      «O Dr. António Costa, na sua moção ao Congresso do PS, e, agora, no programa eleitoral para as eleições legislativas, reitera, em nome do PS, que se compromete com a: “(...) implementação das ações (sic) necessárias à harmonização ortográfica da língua portuguesa e da terminologia técnica e científica, nos termos dos acordos estabelecidos”» («As posições dos partidos políticos sobre o “Acordo Ortográfico” de 1990 (I)», Ivo Miguel Barroso e Artur Magalhães Mateus, Público, 29.07.2015, p. 44).

      Aquele sic é para quê? Decerto, «implementação» é um horror, que sempre combaterei (muitas vezes em vão), mas parece que os autores condenam é a «implementação das ações», porque, mais à frente, escrevem: «Nem o actual primeiro-ministro nem o seu ministro da Educação, Nuno Crato, tomaram qualquer iniciativa para regredir ou suster o processo de implementação do AO90, herdado do Governo de José Sócrates; pelo contrário.» E esta forma de escrever — a última frase do texto — não merece um sic monumental? «Hoje abordámos os Partidos do “Arco da Governação” — PS, PSD, CDS-PP. Amanhã abordaremos os restantes Partidos.»

 

[Texto 6097]

«Forrobodó» ou «farrabadó»?

Fica a ideia

 

      «— Prometi não revelar à mulher do morto quem me falou dos farrabadós no parque» (Dama de Espadas — Crónica dos Loucos Amantes, Mário Zambujal. Lisboa: Clube do Autor, 5.ª ed., 2013, p. 205).

      É o que não falta nesta obra, gralhas e erros. Mas... e se «farrabadó» estiver certo? Vejam isto: «farra “momento de diversão”: dado como de origen controvertido, prob. expresivo, sudamericano, cs. o brasileño, parece más bien haberse generado como voz jergal en pt. peninsular, a consecuencia de contactos naf., del mar. fǝrḥa < cl. farḥah “festejo”, corroborado por el pt. farrabadó, en Houaiss sólo el armonizado forrobodó, lit. “fiesta de beduinos”, como venimos explicando desde 1996:55-54, con más detalles en 2008:298» («Los arabismos y otras voces medio-orientales del Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa», Federico Corriente. In Filol. Linguíst. Port., São Paulo, v. 15, n. spe, pp. 69-184, Dez. 2013).

 

[Texto 6096]

Como se revê por aí

Merecia ser revista a sério

 

      «Ignoro quem são e o que serão um ao outro mas decido imaginá-los como um par de namorados com pressa de chegar a algum sítio onde não exista outra pressa se não a de engancharem de frente» (Dama de Espadas — Crónica dos Loucos Amantes, Mário Zambujal. Lisboa: Clube do Autor, 5.ª ed., 2013, pp. 143-44). «No primeiro relance topo dona Helena da pastelaria num vestido amarelo que se afigura na iminência de rebentar à rectaguarda» (idem, ibidem, p. 160). «Receio ter passado da alegria para a embriaguês e, pior, que ela tenha atingido a zona fatal do azedume» (idem, ibidem, p. 194). «Aí já foi lesta a Nélia Trabuquinhas, um azougue de olhar manso que se péla por crimes de morte e similares tragédias, fervor que a alçou a número dois da secção» (idem, ibidem, p. 198).

      É apenas uma pequena amostra, mas com erros bem diferentes entre si. Se depois de revista apresenta erros desta natureza, como estaria antes do «trabalho» do revisor?

 

[Texto 6095]