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Linguagista

O estatuto determina-o

É assim

 

    «O corpo fora enviado para Inglaterra onde vive sua mãe, a ex-imperatiz Eugénia. Os funerais foram comovedores» (O Último Cais, Helena Marques. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 3.ª ed., 1994, p. 15).

    Claro que é galicismo, agora menos usado. Em francês é funérailles, plural. Se queremos um plural, usemos exéquias, pompas fúnebres. Já uma vez li, e é verdade, que a palavra «funeral» se emprega no plural ou no singular de acordo com a importância, a projecção social, política ou religiosa do finado. Se for alguém como Nelson Mandela, por exemplo, serão os «funerais»; se for alguém que não beneficiava da fama, será mais modestamente «funeral». Desigualdade na vida e na morte. Puta da vida. Actualmente, só nos jornais se vê — mas nos jornais vê-se de tudo — o plural quando devia ser o singular. E, no entanto, Camilo também usou, talvez em dia menos inspirado, este escusado galicismo.

 

[Texto 6144]

«Ser suposto»

E redundâncias

 

      «Era suposto ser um mergulho tranquilo, quase de recreio, a meio de um passeio de barco entre amigos ao largo de Formentera, nas ilhas Baleares espanholas. Afinal, se alguém podia encarar um mergulho em apneia (sem recurso a auxílio de oxigénio) com algum relaxamento seria Natalia Molchanova, uma atleta russa de 53 anos com um currículo recheado de recordes nesta modalidade» («O último mergulho de Natalia Molchanova», Rui Frias, Diário de Notícias, 6.08.2015, p. 55).

    «Era suposto»! Não sei como o céu não lhes cai em cima quando escrevem estas barbaridades. E há outras ilhas Baleares que não as espanholas? E «sem recurso a auxílio» não é redundante?

 

[Texto 6143]

Um «hamster» mais nosso

Mais nosso

 

   «A equipa de Uli Herrmann, do Instituto de Neuropatologia do Hospital Universitário de Zurique, e colegas testou uma larga gama de politiofenos em ratinhos e hamsters infectados com priões, para identificar o mais eficaz em termos de neutralização» («Criada molécula que bloqueia os priões», Público, 7.08.2015, p. 27).

    O que sei é que vejo cada vez mais a palavra poster aportuguesada em póster (pósteres); e, apesar da estranha sequência -mst-, não vejo razão para não usarmos também com mais frequência hámster/hámsteres.

 

[Texto 6141]