«Autor/escritor»
Escritor é o que paga impostos
No Telejornal de ontem, Teresa Nicolau foi saber que sugestões de leitura fazia o colega António Esteves. Três livros: 1. O Velho e o Mar, de Hemingway (na mão do jornalista, a tradução de Jorge de Sena); 2. O Príncipe, de Maquiavel (na mão do jornalista, a tradução de Carlos Soveral); 3. O Fracasso do Amor, de António Esteves, que não é um homónimo, mas ele próprio. Não, não lhe fica mal: são livros, não telemóveis, electrodomésticos ou batatas. «Olhando para António Esteves, também olhamos para um escritor, não é?», pergunta a colega. «Para um autor literário. Eu acho que escritor é alguém que tem uma obra, que já teve influência...» É distinção, não apenas ditada pela modéstia, que não me soa. «Escritor é, portanto, a entidade pessoal, física e psíquica, enquanto autor é o escritor transmudado, quando, “manipulando sabiamente a língua, pratica uma espécie de feitiçaria”, no dizer de Théophile Gautier, citado por [Philippe] Willemart» (Guimarães Rosa: Magma e Gênese da Obra, Maria Célia Leonel. São Paulo: Editora UNESP, 2000, p. 68).
[Texto 6155]